Empaer-MT faz 50 anos com desafio de fortalecer agricultura familiar
Quase três anos após sua aprovação, nem todos os pontos da lei que trata da reestruturação da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT) foram implementados. O número de servidores, por exemplo, continua abaixo do assegurado em lei.
A empresa chega aos seus 50 anos com um quadro inferior a 600 empregados. De acordo com o aprovado em lei (461 de 28 de dezembro de 2011), até 2014 já deveria contar com até mil, considerando a demanda da agricultura familiar no estado.
O plano de estruturação previa que a incorporação de pessoal ocorreria gradativamente: em 2012 seriam contratados 225 novos empregados; mais 198 em 2013 e outros 198 em 2014.
No entanto, o que se previa para 2012 começou a ser implementado em 2014, mediante realização de concurso público para suprir 225 vagas. Na primeira chamada foram convocados 100 dos aprovados.
De acordo com o presidente da Empaer, Valdizete Nogueira, até 2016 o efetivo da Empresa vai crescer. "Foram 20 anos sem concurso. Já empossamos novos 100 técnicos e até o final do ano vamos empossar mais 125 dessa chamada. Ainda está abaixo da demanda [a incorporação até 2016], mas vai melhorar muito para quem tinha quase 500 empregados", disse Nogueira.
O presidente do Sinterp (Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Assistência e Extensão Rural do Estado de Mato Grosso), Gilmar Brunetto, afirma que o fortalecimento da Empaer vai melhorar a qualidade dos serviços oferecidos no campo e beneficiar o núcleo familiar da produção de alimentos. Mas ele defende que a estruturação da empresa ocorra paralelamente à contratação dos novos profissionais.
Pelas contas do Sindicato, o número atual de servidores permite atender a 60% da demanda. "A lei foi um esforço do sindicato e toda nossa ação objetiva produzir alimentos saudáveis, proporcionar a sucessão na agricultura familiar e diminuir gradativamente o uso de agrotóxicos na agricultura", disse.
Serviços
Com 44 anos de serviço na empresa pública, o engenheiro agrônomo Antônio Jesuíno de Oliveira diz ter acompanhado as transformações ao longo destas cinco décadas, entre elas a época da Associação de Crédito e Assistência Rural de Mato Grosso (Acamat) e da Emater-MT, posteriormente transformadas em Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural.
"Enfrentamos muita dificuldade cumprindo nosso papel, buscando sempre chegar perto do agricultor, da família dele, no sentido de fazer com que se produza com eficiência", disse.
Na avaliação de Antônio Jesuíno, que foi o primeiro presidente da Empaer e também o último a gerir a Emater-MT, entre as dificuldades ao longo dos anos esteve a limitação de recursos para execução dos trabalhos no campo. "Foram muitas [dificuldades], mas principalmente falta de recursos. O serviço de extensão [rural] e pesquisa sempre trabalhou com uma quantidade pequena de recurso", disse.
Durante evento comemorativo dos 50 anos da Empresa, o atual gestor Valdizete Nogueira afirmou que a Empaer vem sendo beneficiada pelo aporte financeiro do Governo Federal, por meio das chamadas públicas, quando os técnicos mato-grossenses prestam serviços para a União, representada, por exemplo, por ministérios como o do Desenvolvimento Agrário, Pesca, entre outros.
Os recursos são empregados no custeio e investimento, aparelhamento dos escritórios, aquisição de veículos, por exemplo.
De acordo com a Empaer, em Mato Grosso cerca de 140 mil famílias vivem no campo e atuam na produção de alimentos. A empresa está presente em 122 dos 141 municípios do estado. Além da pesquisa, atua principalmente com a extensão rural, ou seja, a difusão no campo das informações produzidas. Em 2014 contou com um orçamento de aproximadamente R$ 60 milhões.
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