Deficientes visuais treinam para usar urna eletrônica nas eleições em MT Escola de Tangará da Serra realizou um treinamento com os alunos. Ideia partiu de um dos alunos, que é portador de deficiência visual.

Cerca de 70 de estudantes com deficiência visual da cidade de Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, participaram de um treinamento para aprende a usar o fone de ouvido nas urnas eletrônicas. O dispositivo foi disponibilizado pela Justiça Eleitoral para facilitar o voto para deficientes nas eleições. Para usar os fones de ouvido, o eleitor precisa comunicar o mesário e solicitar o equipamento no momento do voto.

“A iniciativa foi de um estudante deficiente visual. Ele sentiu a necessidade de usar esse mecanismo, que é o fone”, disse Nilcimar Tayano, diretora do Centro Municipal de Educação Especial Isoldi Stork. O aluno mencionado pela diretora é Antônio Rodrigues de Assis. Ele sugeriu que o treinamento fosse realizado para que, além dele, os colegas também pudessem se preparar para usar o recurso da urna.

No momento em que o deficiente visual conectar o fone de ouvido à urna, o equipamento passa a emitir um sinal sonoro com a indicação do número escolhido. “A nossa arma hoje é o voto. Hoje nós temos que votar para poder reivindicar”, comentou Antônio.

Durante o treinamento, os alunos testaram o fone votando em candidatos fictícios. Eles puderam escolher entre modalidades esportivas e estilos musicais. “Não pode apavorar na hora, senão a gente erra os números todos. Mas com a ajuda desse dispositivo é mais fácil. Por exemplo, se apertar um outro número, [a urna] vai falar o número que digitou, então a gente vai lá e confirma de novo”, explicou o estudante José Carlos.

No caso de Laila Daiana Belém, a deficiência é auditiva. Ela conta que relembrou como votar por conta do treinamento. “Em casa eu vou fazer meu papel com os números e escolher direito o meu candidato. No dia, eu pego meu papelzinho e vou lembrar do rosto do candidato e voto”, disse com movimentos na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Para Lúcia Lopes, o uso do fone permite que os deficientes se sintam incluídos no processo eleitoral. “Significa sociedade, os deficientes também têm vez. Nós podemos fazer a nossa escolha”, destacou.