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Cidades/Geral
Segunda - 01 de Outubro de 2012 às 09:09

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Com extensão territorial de 888 mil km quadrados e população superior a 252 mil habitantes, Várzea Grande, o 2º maior município de Mato Grosso, é considerado hoje um "galpão" que concentra grupos criminosos. A afirmação é da juíza auxiliar da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Estado e titular da 6ª Vara Criminal de Várzea Grande, Selma Rosane Santos Arruda, que detalha a fragilidade da BR-070, rodovia federal que liga o município a região de Cáceres.

A magistrada informa que desde 2007, escutas telefônicas feitas pelo setor de Inteligência da Polícia Judiciária Civil (PJC), já revelavam o interesse de criminosos em se instalar na cidade devido a rodovia de acesso à Cáceres, local que faz fronteira direta com a Bolívia, o principal fornecedor de cocaína para o Brasil. Selma Rosane reforça que além do acesso facilitado para a região oeste do Estado, Várzea Grande também concentra saída para as direções leste e sul de Mato Grosso, o que dessa forma, favorece o trânsito e instalação de organizações criminosas.

"Na interceptarão realizada pela PJC, um detento do Complexo Penitenciário de Gericinó, antigo Bangu I, conversava com um preso de Cuiabá, que detalhava a facilidade em movimentar o tráfico de drogas na região e a distribuição para o país. Durante a ligação, o preso informou ao detento do Rio de Janeiro que em menos de um mês já havia arrecadado R$ 60 mil com o tráfico".

Ela informa que na época, o detento da região Sudeste estava prestes a conseguir o benefício para cumprir pena em regime semiaberto. O preso de Cuiabá chegou a descrever como seria a vida do criminoso, destacando que ele poderia residir em Várzea Grande, já que a distância até Cáceres era boa e a fiscalização ineficiente. "O fato é que cinco anos já se passaram e a situação ainda persiste no município". Atualmente existe um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), instalado na região que compreende o Trevo do Lagarto, próximo a saída da cidade. A população local descreve que, dificilmente, nota-se a atuação dos policiais em fiscalizações, porém a PRF/MT, por meio da assessoria de imprensa, destaca que ações são realizadas diariamente.

Trecho - Além da via Várzea Grande-Cáceres, os grupos criminosos também já se utilizam de outro trecho em Mato Grosso para a ampliação dos delitos e instalação das organizações. Segundo Selma Rosane, durante os meses em que a fiscalização feita pela PRF/MT é intensificada na região, os criminosos utilizam rota que liga Várzea Grande ao município de Comodoro para chegar até a Bolívia, onde despejam carros roubados e continuam o tráfico de entorpecentes. A magistrada detalha que o caminho utilizado compreende Comodoro, Vila Bela da Santíssima Trindade, Pontes e Lacerda, Porto Esperidião, Cáceres e Várzea Grande. "A situação se agrava a cada dia, pois não existe mais o posto da Polícia
Rodoviária Federal em Comodoro, cidade que também faz divisa com Rondônia e Bolívia".

Segundo o chefe da 7a Delegacia da PRF, localizada em Pontes e Lacerda, inspetor Ailton Antônio da Silva, há pelo menos 6 anos o posto policial foi desativado. Segundo ele, por falta de efetivo e estrutura física, o local precisou ser fechado. "O espaço precisava de reforça elétrica e hidráulica. Além disso, a cidade cresceu de tal forma que o posto deveria ser removido da região onde estava instalado. Conforme legislação é necessário determinada distância da cidade para a implementação de um posto da PRF". Silva confessa que a população da região oeste de Mato Grosso, como também do restante do Estado, foi prejudicada com a desativação da unidade. Segundo ele, a situação favoreceu o aumento da criminalidade na região e do tráfico de drogas. "A população reclama diariamente da ausência do posto. Sabemos das dificuldades enfrentadas pelos moradores, porém é necessário recursos para que o local seja reativado".

Ele explica que não basta apenas a construção de uma nova unidade, é necessário que o local seja equipado e que haja policiais para atuar na região. Segundo levantamento da PRF/MT, existem hoje cerca de 430 policiais rodoviários, que desenvolvem atividades nas 5 rodovias federais que cruzam o Estado, o que compreende 4,8 mil quilômetros de malha rodoviária asfaltada. Na região da 7ª Delegacia da PRF/MT, que compreende 653 quilômetros de atuação, Silva destaca que trabalham apenas 26 fiscais. "Os profissionais atuam em escala de plantão. Se calculados a cada dia, entre 4 e 5 policiais estão disponíveis para fiscalizar a região que compreende os municípios de Comodoro, Sapezal, Cáceres, Vila Bela da Santíssima Trindade, Vilhena (RO) e Pontos e Lacerda".




Fonte: A Gazeta

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