Aluna relata tentativa de estupro na USP após receber bilhetes anônimos Jovem diz ter sido perseguida desde março com bilhetes anônimos. Ela foi atacada quando entrava no carro, buzinou e o agressor fugiu.
Uma estudante da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) escreveu em uma rede social ter sido vítima de uma tentativa de estupro depois de receber ameaças anômimas por meio de bilhetes deixados em sua mochila e no seu carro ao longo do ano. Ela disse ter sido atacada no início de agosto no estacionamento da Faculdade da Arquitetura e Urbanismo (FAU), durante a tarde, quando estava entrando no carro, e não pode ver o rosto do seu agressor.
A estudante revelou que em março começou a receber bilhetes em sua mochila com "elogios" e "declarações de uma admiração bizarra e constrangedora". Os bilhetes passaram a aparecer no seu carro e até na mochila de um amigo que passou a acompanhá-la como forma de proteção. Ela disse ter feito boletim de ocorrência à polícia para relatar as ameaças.
Em agosto, durante a greve da USP que durou quatro meses, ela foi à universidade, quando foi atacada ao voltar para pegar o carro no estacionamento da FAU.
"Abri a porta do carro e comecei a procurar o celular nos bancos da frente. Nesse momento fui surpreendida com um homem que veio pelas minhas costas me segurando pelo pescoço e forçando a entrada no carro", relatou a jovem em uma comunidade do Facebook. "Sem que me deixasse ver seu rosto, porque me segurava com força e violência pela nuca, falou meu nome e em seguida “eu te avisei”, repetidamente."
Por não ter como identificar o agressor, convivo diariamente com o medo e a desconfiança de qualquer olhar mais demorado. Não ando mais sozinha. Não fico mais em paz, em qualquer lugar da universidade. Não me concentro, mal consigo assistir às aulas com o mínimo de atenção."
Relato de aluna da USP
"Ele me imobilizou e se deitou em cima de mim. Quando tentou abrir minha calça, consegui acionar a buzina do carro com meu joelho, alta e continuamente. O sujeito assustado bateu meu rosto com força na porta do passageiro, e fugiu correndo do carro, me impedindo de virar para tentar identifica-lo, uma vez que me recuperava da pancada."
A jovem fez novo boletim de ocorrência e exame de corpo de delito. Ela escreveu que optou por tornar público o incidente para "prezar minimamente pela segurança, uma vez que a divulgação é um dos poucos recursos que me restam".
"Por não ter como identificar o agressor, convivo diariamente com o medo e a desconfiança de qualquer olhar mais demorado. Não ando mais sozinha. Não fico mais em paz, em qualquer lugar da universidade. Não me concentro, mal consigo assistir às aulas com o mínimo de atenção."
A assessoria de imprensa da USP informou ao G1 que a universidade recebeu a jovem, o pai e o namorado há duas semanas para eles relatarem o caso. "Um assessor da superintendência e guardas universitários foram com ela até o estacionamento da FAU para levantar mais dados. Foram feitas cópias dos bilhetes e a moça ficou de enviar o boletim de ocorrência registrado. Depois disso, a superintendência não foi mais procurada, mas está à disposição da aluna", diz a universidade.
Outros casos em universidades
Estudantes de outras unidades da USP e de outras universidades também foram vítimas de tentativas de abuso sexual. Nesta quinta-feira (2), uma aluna da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ) foi vítima de uma tentativa de estupro por volta das 10h30 desta em uma ciclovia no entorno do campus em Seropédica, na Baixada Fluminense. O suspeito que teria atacado a aluna estava em uma bicicleta e depois da abordagem entrou no campus.
No domingo (29), o 'Fantástico' exibiu reportagem com estudantes de medicina da USP que criaram um grupo de proteção a vítimas de violência sexual depois de casos de estupro em festas da faculdade (veja o vídeo ao lado).
Em agosto, outra aluna da Faculdade de Medicina da USP revelou ter sido vítima de estupro em uma festa em 2011. Segundo a delegada que investiga o caso, a apuração demorou três anos por causa de dificuldades em se localizar testemunhas e o indiciamento será possível depois que um estudante que presenciou o crime prestou depoimento há pouco mais de um mês.
USP tem aumento de violência
O relato da estudante é mais um caso de problemas de violência que alunos, funcionários e professores enfrentam na Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo. A universidade divulgou esta semana um balanço de assaltos e sequestros relâmpagos registrados pela guarda universitária no campus da capital.
Até setembro, foram registrados 93 casos de assalto e seis de sequestro relâmpago, ou seja, 99 ocorrência no total. Em 2013, durante todo o ano, foram 72 ocorrências de assalto e nenhum sequestro. Comparando o período de agosto a agosto, o crescimento foi de 100%.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que existe um batalhão da Polícia Militar e uma base comunitária na região e que, neste ano, prenderam mais de 200 suspeitos em flagrantes. Nove adolescentes infratores e três armas também foram apreendidos.
O caso mais recente aconteceu no dia 28 de setembro, quando a remadora e ex-judoca Bianca Miarka reagiu a um assalto e apanhou de dois criminosos que estavam em uma moto. Um deles estava armado. Ela havia acabado de descer de um ônibus em frente a um dos portões da USP, no Butantã, na Zona Oeste da capital paulista.
Os assaltantes roubaram sua mochila, com seus pertences, e fugiram na motocicleta. Bianca, que tentou desarmar um dos criminosos e apanhou de outro com um capacete
A segurança da USP é feita pela guarda universitária e também pela Polícia Militar. As mais de 100 mil pessoas que circulam diariamente pelo campus têm opiniões diferentes sobre a segurança.
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