Investigado na Ararath, ex-secretário de MT nega o próprio depoimento Éder Moraes (PMDB) assinou termo de retratação ao Ministério Público. Promotores se negaram a comentar iniciativa do ex-secretário de Fazenda.
Réu em pelo menos quatro ações judiciais por crimes investigados na operação Ararath, o ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso Éder Moraes (PMDB) enviou ao Ministério Público Estadual (MPE) um termo de retratação referente aos depoimentos que prestou à instituição no início do ano, meses antes de ser preso pela Polícia Federal (PF). No documento, Éder simplesmente aponta como inverídica a íntegra do depoimento prestado por ele mesmo.
O envio e o recebimento do termo de retratação, assinado no dia 29 de setembro, foram confirmados nesta quarta-feira (8) pelo MPE, mas nenhum promotor se dispôs a comentar o caso.
Éder foi interrogado pelo MPE no início deste ano, quando a operação Ararath já tinha deflagrado algumas de suas etapas, mas antes da fase em que ele acabou preso preventivamente por conta das investigações. O MPE foi uma das instituições que apuraram os indícios de crimes financeiros além do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF).
O ex-secretário é acusado de participação em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro. Ele também responde por corrupção passiva, peculato e falsidade ideológica.
De acordo com o advogado de Éder, Ronan de Oliveira, os depoimentos prestados pelo ex-secretário no início do ano ao MPE devem agora ser todos considerados inverídicos e nulos.
Isso porque Éder estaria se sentindo acuado e desequilibrado psicologicamente nos dias em que depôs a respeito dos supostos esquemas criminosos mantidos, entre outros, por bancos clandestinos operados pelo empresário Júnior Mendonça – investigado e que acabou prestando informações ao MPF nas condições da delação premiada.
Segundo Oliveira, Éder foi muito “cercado” e se sentiu “induzido” a proferir inverdades a respeito dos fatos investigados. “Depois, ele foi refletindo sobre as coisas. Quando ele leu o depoimento, levou um susto. Só que agora ele caiu em si. Ele se desfez de todo o depoimento”, declarou o advogado à reportagem.
Oliveira lembrou que um dos pontos abordados por Éder nos depoimentos ao MPE foi a suposta compra de vagas para o cargo de conselheiro dentro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O ex-secretário, afirmou Oliveira, inclusive teria se desedesestabilizado emocionalmente por conta da promessa não cumprida por seus aliados políticos de lhe indicarem a uma vaga de conselheiro no mesmo tribunal.
A assessoria de imprensa do MPE informou que a instituição recebeu o termo de retratação de Éder, o qual, porém, não deverá ser comentado por qualquer promotor.
Agora, o ex-secretário deve se pronunciar sobre os fatos investigados na operação Ararath somente em juízo. Ele deve ser interrogado pelo juiz da Quinta Vara Federal de Mato Grosso, Jeferson Schneider, na próxima sexta-feira (10) em Cuiabá. A audiência se refere a um dos quatro processos pelos quais Éder responde desde a deflagração da quinta fase da operação. Também deverá ser interrogado o ex-secretário-adjunto do Tesouro estadual, Vivaldo Lopes, corréu na ação penal.
No dia anterior, a Justiça deverá colher depoimentos de duas testemunhas arroladas pela defesa de Éder. Nos dois dias, as audiências têm início às 13h30.
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