Modelo que golpeou artista com skate se defende: 'Querem me crucificar' Eloy Buono diz que agiu em defesa própria e do tio, que teria sido xingado. Grafiteiro agredido sofreu um afundamento de crânio e está na UTI.
grafiteiro (Foto: Reprodução/Facebook)
O modelo que agrediu um grafiteiro com um golpe de skate, na segunda-feira (13), se apresentou no 1° Distrito Policial (DP) de São Vicente, no litoral de São Paulo, no início da noite desta sexta-feira (17). De acordo com o jovem, identificado como Eloy Buono, ele agiu em defesa própria e do tio, que teria sido xingado pelo artista urbano. O modelo diz ainda que está sendo vítima de ameaças pela internet. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Eloy se apresentou e prestou depoimento sobre a agressão contra o grafiteiro Wellington Dias Bezerra, de 40 anos, mais conhecido como Leto. “Foi a forma que encontrei de me proteger de um ataque dele. Estão polemizando igual à moça de Guarujá, que foi linchada e não teve oportunidade de se defender”, afirma.
Ele explica que não houve discussão nos momentos que precederam a agressão com o skate. “Fui evitar uma coisa pior com o meu tio, que recentemente fez uma cirurgia no coração, porque esse rapaz já veio agredindo ele com palavras e gestos. Não teve discussão alguma, meu tio foi perguntar o que ele estava fazendo ao lado do muro da casa dele, e ele veio com violência e gírias, falando que ‘zé povinho tinha que cuidar da própria vida’. Nisso, meu tio tentou entrar em casa para escapar dele e se proteger”, diz.
Eloy se apresentou no 1° Distrito Policial de SãoVicente (Foto: LG Rodrigues/G1)
O modelo afirma que Leto continuou avançando para cima do tio, e que resolveu agir, se colocando na frente. “Eu entrei no meio calmamente, pedindo para ele não fazer aquilo, e ele veio para me agredir. No instinto, acabei acertando ele com o skate. Não vi onde pegou, disseram que foi na cabeça, mas não sei se foi a pancada ou o choque contra o chão que acabou fazendo ele ser levado para o hospital. Minha intenção nunca fui machucar ninguém”, enfatiza.
De acordo com o suspeito, diversas ameaças foram feitas contra ele por meio das redes sociais. “Ninguém entrou em contato comigo para tentar resolver a situação, já foram logo ameaçando, criando grupos na internet, reunindo uma legião de pessoas para me ameaçar. Não tive oportunidade de expressar a minha intenção, que era realmente ajudar no que fosse possível, seja com medicamentos ou o que fosse preciso. Mas, pelo visto, não há essa intenção da outra parte, querem me punir, me crucificar por algo que sou vítima”, conclui.
Advogado Mário Badures falou sobre o caso do
modelo Eloy Buono (Foto: LG Rodrigues/G1)
O advogado de Eloy, Mário Badures, diz que o jovem usou o skate para se defender. “Claro que não apenas ele, mas seus familiares também lamentam muito o fato da vítima estar internada, ter sofrido traumatismo craniano, não era isso que ele desejava. Por intermédio de nosso escritório, os próprios familiares se colocaram à disposição para tentar ajudar a vítima no que for possível e tentar, de alguma forma, fazer com que cessem essas ameaças pelas redes sociais, que não ajudam em nada”, finaliza.
Tatuagem
Durante o depoimento prestado pelo modelo à polícia, foi descoberto que Leto e Eloy já se conheciam. De acordo com Marcos Alexandre Alfino, delegado titular do 1° DP de São Vicentee responsável pelo caso, o modelo afirmou que ele teria ido a um estúdio de tatuagem para fazer um desenho e que Leto trabalhava como estagiário no local. “A vítima, segundo consta, era estagiária em um estúdio de tatuagem e teria feito um esboço no Eloy. Ele disse que não gostou do trabalho e por isso o desenho não foi concluído, motivo pelo qual a tatuagem não foi paga. O Eloy disse que, momentos antes da agressão, esse fato veio à tona. O modelo diz que foi ele quem lembrou, e que Leto teria dito que fez a tatuagem de graça. Todas essas circunstâncias serão investigadas”, afirma.
Leto tem obras em vários locais do litoral de
São Paulo (Foto: Reprodução/Facebook)
O suspeito confirma o fato, mas diz que Leto teria machucado a pele dele durante os trabalhos feitos no estabelecimento. “O único contato que tive com ele foi em um estúdio de tatuagem onde ele trabalhava. Ele me pediu para procurar o desenho que eu queria na internet, e disse que o computador estava ruim. Eu acabei fazendo um serviço no computador dele, não cobrei nada, e então ele começou a fazer a tatuagem. Chegou a completar o desenho, mas quando começou a preencher, arrancou um pedaço da minha pele, e eu parei, não quis continuar. Ele me machucou, causou uma lesão no meu corpo, e eu dependo da minha integridade física para meus trabalhos, porque sou modelo fotográfico profissional”, diz.
Eloy afirma, entretanto, que o fato não possui nenhuma relação com a gressão. “Não foi desavença alguma, foi um trabalho que ele fez que não fiquei satisfeito. Foi algo totalmente profissional. Não tive nenhum problema pessoal com ele, não gostei e por isso não paguei a tatuagem”, conclui.
A polícia irá agora até o local do crime para procurar novas testemunhas que possam ter presenciado a ação. De acordo com a Secretaria de Saúde de São Vicente, Leto segue internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Municipal, antigo Crei, porém, já demonstrou uma melhora em seu estado de saúde nesta sexta-feira. Ele chegou a ser colocado em coma induzido, mas já acordou.
Grafiteiro foi agredido enquanto trabalhava, em São Vicente, SP (Foto: Reprodução/Facebook)
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