Unemat convoca estudantes, que mantêm protesto de 72 dias No movimento, os alunos e cobram mais planejamento e infraestrutura para voltarem às salas de aula
A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) convocou, desde quinta-feira (23), os mais de 100 estudantes do curso de Medicina a retornarem às aulas a partir da próxima terça-feira (28).
Os alunos estão em greve há 72 dias e cobram mais planejamento e infraestrutura para voltarem às salas de aula.
Por meio de nota, a Unemat afirma que a decisão de convocar os acadêmicos para o curso foi tomada após deliberação coletiva dos professores do curso, vem como a reitoria da instituição, a Faculdade de Medicina e as coordenações do curso e do Campus de Cáceres.
“A medida de volta às aulas conta com o apoio da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa de Mato Grosso”, diz trecho da nota.
"Apesar da greve realizada pelos acadêmicos desde o dia 13 de agosto, a Coordenação do curso de Medicina montou um calendário onde as reposições serão concluídas até o dia 7 de abril de 2015, sem prejuízo de conteúdo" Segundo a nota, a convocação cumpre com o Termo de Sessão de Conciliação assinado entre as partes (Instituição e representantes dos acadêmicos e do Sindimed) junto à Justiça nos dias 12 e 15 de setembro.
Além disso, foi montado um calendário de reposição e retorno das aulas, que não atrapalha o período de recesso e férias dos acadêmicos entre os dias 22 de dezembro deste ano e 2 de fevereiro de 2015.
“Apesar da greve realizada pelos acadêmicos desde o dia 13 de agosto, a Coordenação do curso de Medicina montou um calendário onde as reposições serão concluídas até o dia 7 de abril de 2015, sem prejuízo de conteúdo”, diz trecho da nota.
A Instituição convocou os estudantes a retornarem às aulas por e-mail e afirmou que o cronograma de reposições das aulas foi anexado ao comunicado, bem como o calendário das conferências que serão ministradas para os alunos do 2º ao 5º semestre.
Sem acordo
A instituição alega que diversas reuniões foram realizadas entre a reitoria, coordenadores de campus e do curso, a direção da Faculdade de Ciências da Saúde e o corpo docente para solucionar as dificuldades elencadas pelos acadêmicos.
Na página criada para divulgar os passos da greve, denominada “SOS Medicina Unemat”, os estudantes afirmam que as audiências de conciliação foram “frustrantes”, uma vez que as reivindicações não seriam atendidas imediatamente e a reitoria não teria divulgado prazos.
Os estudantes afirmam que, sem que datas sejam definidas ou todas as exigências atendidas imediatamente, não há condição de retorno às aulas e, em sua página, não há sinais de que a convocação será atendida pelos discentes.
A greve
A manifestação dos estudantes de Medicina da Unemat que recebeu apoio de mais de 40 faculdades de Medicina do país – entre elas, a da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Também apoiam a greve entidades como o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Associação dos Estudantes de Medicina do Brasil (Aemed-BR) e do diretor científico da Associação Médica Brasileira (AMB), Edmundo Baracat.
O curso foi iniciado no segundo semestre de 2012, no campus de Cáceres (220 km de Cuiabá), e conta com cerca de 140 alunos, que reclamam de falta de infraestrutura e de defasagem do projeto pedagógico. A greve foi iniciada no dia 14 de agosto.
Dentre as reclamações feitas pelos estudantes estão a falta de salas de aula e laboratórios, bem como de um bloco específico para o curso de Medicina; ausência de obras da bibliografia mínima recomendada para o curso; e falta de um hospital escola, o que faria com que estudantes sejam barrados em atividades nas instituições de saúde.
Os alunos cobram ainda a reposição de aulas e aquisição de peças anatômicas humanas para estudo – como de cadáveres para a prática anatômica – e apresentação de um projeto pedagógico.
O déficit de professores também é alvo de críticas dos alunos, que apontam que há disciplinas ainda sem professores, mesmo após a realização do concurso público feito este ano.
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