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Segunda - 10 de Novembro de 2014 às 12:00

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Apesar do manancial de água existente, Mato Grosso está longe de ficar livre da crise da falta d’água – a exemplo do que ocorrem em São Paulo e em outras importantes cidades da região Sudeste do Brasil. E nem está longe de acontecer. Previsão de especialistas é de que a permanecer o atual nível de degradação dos rios e a ocupação descontrolada do solo, a seca deve acontecer em 10 anos. O alerta foi feito neste domingo, 9, pelo presidente do Comitê do Rio Seputuba e especialista em recursos hídricos, Décio Siebert, em entrevista publicada pelo jornal “A Gazeta”.

Sem ações mais efetivas de recuperação das bacias hidrográficas e de recuperação das nascentes, alguns municípios já enfrentam racionamento de água desde de 2013. Para Siebert, a situação de Mato Grosso já pode ser considerada de alarme, pois os problemas envolvem não só a quantidade de água disponível, mas também a qualidade de água oferecida para a população, por causa das contaminações por esgoto, fertilizantes e defensivos agrícolas.

Composto por três bacias hidrográficas, Mato Grosso está em uma situação de aparente abundância de recursos hídricos, porém, as ações humanas próximo aos rios de desmatamento, impermeabilização do solo, além do despejo de resíduos sólidos sem nenhum tratamento no rio, trazem problemas que começaram a aparecer pela primeira vez no final do anos de 1990, quando houve uma crise de abastecimento de água em Primavera do Leste (231 km ao Sul da Capital) por causa do aumento de produtores na região que precisavam de irrigação para as lavouras. Depois dessa situação, segundo o jornal, muitas outras já ocorreram, mas que ainda conseguem ser resolvidas em cerca de dois anos.

“Hoje Mato Grosso é exportador de água, mas continuar nesse ritmo de degradação, em menos de 10 anos Mato Grosso é exportador de água, mas continuar nesse ritmo de degradação, em menos de 10 sofreremos com graves problemas de falta de água, em uma situação idêntica a de São Paulo” – prevê Décio Siebert, para quem “o cenário é preocupante”.

O professor observou, segundo a publicação, que mesmo com a criação em 1997 da Política Nacional de Resíduos Sólidos pouca coisa foi feita no Estado para impedir que o crescimento econômico tenha impacto direto nos recursos hídricos. Essa política tem entre seus objetivos a proteção e a preservação dos recursos hídricos e que aponta mecanismos para a garantia de água disponível para essa e para as futuras gerações.

“Infelizmente estamos caminhando para uma situação que se não forem tomadas as providências necessárias não terá volta. Se falam em problemas pontuais em algumas regiões no estado, mas esses problemas deixaram de ser pontuais. A vazão dos rios está diminuindo a cada ano. Existe uma impressão de que não se tem problemas por causa do grande volume de água. E infelizmente os recursos hídricos não são prioridade para o Governo”, enfatiza o especialista em recursos hídricos.

Um dos casos preocupantes acontece no Rio Araguaia. Areais de até 367 quilômetros quadrados indicam o crescimento da desertificação na região daquela bacia. O pasto e a soja estão entre os culpados pelo problema que está sendo estudado por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, que acompanha há mais de uma década o processo de desertificação na parte sul da Alta Bacia do Rio Araguaia, situada na entre os estados de Goiás e Mato Grosso, e mostra que o problema vem aumentando. Os principais vilões são a monocultura da soja e a formação de pastos para a criação de gado que extinguem a vegetação nativa.

Análises das imagens mostram a formação de grandes areais esbranquiçados, de areias soltas, progressivamente estéreis, ou seja, de difícil sobrevivência para as plantas, mesmo das pastagens. Pesquisadores afirmam que o processo também forma grandes voçorocas (erosões que rasgam a terra até atingirem o nível freático) e logo após vem o assoreamento do rio. A enxurrada e os caminhos subsuperficias das águas infiltradas arrastam a areia solta para dentro dos rios e encostas trazendo graves conseqüências para o meio ambiente. Além disso, a degradação do solo aumenta a área improdutiva, agravando o problema de produção de alimentos.

O impacto da desertificação nas mudanças climáticas do planeta é considerável. Segundo Hama Arba Diallo, ex-secretário-executivo da Convenção Internacional de Luta contra a Desertificação (UNCCD), 4% do total das emissões globais são produzidas em terras secas, como resultado da desertificação e das conseqüentes perdas de vegetação. Isso gera um aumento das emissões de gases causadores do efeito estufa e uma redução da absorção de carbono por falta de vegetação. Esforços de recuperação de terras degradadas através da restauração da vegetação nativa podem ajudar a alcançar rápida e eficazmente resultados combinados para combater a desertificação e o aquecimento global ao mesmo tempo.





Fonte: Rádio Pioneira com 24hs News

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