Número de adoções cresce no Estado Dados mostram que mudança, ainda que tímida, nas exigências feitas aos interessados, deu um salto nas adoções em relação ao ano de 2013
O número de adoções de crianças este ano deve ser bem superior ao registrado em 2013 no Estado. De acordo com dados da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA), órgão do Poder Judiciário, até 30 de outubro foram efetivadas 141 adoções, contra 110 do ano passado (de janeiro a dezembro). A média mensal saltou de 9,16 para 14,1, o que dá um aumento de 53%.
Esse aumento estaria relacionado à mudança, mesmo que tímida, das exigências dos casais e pessoas que individualmente se candidatam à adoção. Até 2011, a maioria queria criança do sexo feminino, pele branca e idade máxima de três anos.
De acordo com a secretária-geral da CEJA, Elaine Zorgetti Pereira, a cor da pele e o sexo deixaram de influenciar na escolha, mas a idade limite ainda é uma exigência de boa parte.
Ela acredita que essa mudança esta relacionada à exigência de curso específico de preparação para os candidatos a pais adotivos. Conhecendo mais sobre a história das crianças e suas fases de desenvolvimentos os pretendentes se libertam de preconceitos em relação ao sexo, cor e idade.
Atualmente, 71 crianças esperam por família adotiva, a maioria com mais de 10 anos. Muitas são portadoras de patologias crônicas que comprometem parcial ou totalmente o desenvolvimento psíquico e motor.
Elaine Zorgetti observa que há crianças com autismo, síndrome de Dowon, deficiência mental, cadeirantes, entre outros casos que resultam na dependência permanente e consequentemente mais tempo e maior cuidado dos pais.
São raros os casos de adoções de portadores de doenças crônicas como a feita pelo casal, uma enfermeira e um vendedor autônomo aposentado, que desde 2012 tem uma menina portadora do vírus HIV.
Perto de completar dois anos - a maior parte desse tempo vivido em um abrigo público -, a pequena ganhou um lar com pais, irmãos, tios, avós e muitos amigos. Agora, a menina segue o tratamento cercada de afeto, um direito nem sempre assegurado às crianças e adolescentes.
As chamadas adoções tardias, quando o adotado tem mais de três anos, também estão ocorrendo em maior número, segundo Elaine Zorgetti. Entretanto, a aceitação de abrigados de mais idade é mais comum entre solteiros e casais do mesmo sexo.
Em Cuiabá, no início deste ano, duas mulheres que convivem juntas há mais de 10 anos adotaram um casal de irmãos, uma menina de 9 e um menino de 7 anos. Três irmãos das crianças, incluído um bebê com menos de dois anos, foram adotados por outras famílias.
Elaine Zorgetti reconhece que o processo de adoção ainda é moroso e burocrático, mas ela define como medida protetiva o que comumente é caracterizado como lentidão judicial.
Conforme ela, sentenciar que a adoção é o melhor para uma criança retirada ou abandonada pelos pais biológicos pode demorar anos. “Antes de entregá-la a outra família, é preciso comprovar que parentes próximos, avós ou tios, por exemplo, não têm interesse e nem condição de recebê-la”, explica.
Além disso, é preciso conhecer o pretendente à adoção, verificar onde mora, como vive e sua condição psicológica e financeira. Esse trabalho é feito por uma equipe multidisciplinar e envolve assistente social, psicólogo e outros profissionais.
O item financeiro, esclarece, não quer dizer que a adoção está condicionada à riqueza. Porém, lembra, deve haver preocupação com estabilidade econômica dos futuros pais. Ou seja, se faz necessário assegurar uma condição melhor que a que está sendo oferecida no abrigo público.
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