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Saúde
Quinta - 20 de Novembro de 2014 às 10:29

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Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Ministério da Saúde mantém entendimentos com laboratórios para oferecer novos produtos no Sistema Único de Saúde
Ministério da Saúde mantém entendimentos com laboratórios para oferecer novos produtos no Sistema Único de Saúde

Os pacientes infectados com o vírus da hepatite C vão contar, a partir do ano que vem, com um tratamento que inclui três tipos de medicamentos e tem atingido a taxa de erradicação de 80% a 90% dos casos da doença.

O hepatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Edison Parise, adiantou que o Sofosbuvir, o Daclatasvir e o Simeprevir estão em processo de análise para homologação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A homologação deve ocorrer até o fim do ano, para que os medicamentos sejam usados pelos pacientes nos primeiros meses de 2015, em períodos de 12 semanas.

O custo dos remédios é elevado e nos Estados Unidos chega a atingir US$ 120 mil para 12 semanas de tratamento. É por isso que o Ministério da Saúde está em entendimento com laboratórios para fazer a compra em valores mais baixos, a fim de que sejam oferecidos no SUS (Sistema Único de Saúde).

O chefe do Ambulatório de Hepatites do Hospital de Clínicas da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e membro do Comitê Assessor do Programa de Hepatites do Ministério da Saúde, Raymundo Paraná, disse que sem essa negociação seria inviável ao SUS garantir a oferta dos produtos.

— O SUS não suportaria, de uma hora para outra, que remédios que têm custo de US$ 120 mil nos Estados Unidos fossem universalmente disponibilizados em país como o nosso, que tem limitação orçamentária.

Os medicamentos já foram aplicados nos Estados Unidos e na Europa e segundo Edison Parise, neste mês, em um congresso de especialistas em Boston, houve demonstração dos resultados em mais de mil pacientes, que comprovam a eficácia do tratamento.

— Esses medicamentos começaram a ser usados há mais ou menos um ano nos Estados Unidos e agora, no Congresso, foram mostrados dados sobre o uso deles. Enquanto os estudos iniciais incluíam poucos pacientes, os dados agora trazem um número muito grande de pessoas tratadas e confirmam os mesmos índices de cura, em torno de 80% a 90%, dos pacientes, com qualidade de tratamento melhor e menos sofrimento.

Os pacientes transplantados ou que estão aguardando a cirurgia também podem ser beneficiados, porque com os novos medicamentos, o tratamento pode seguir, destacou Paraná.

— Tratada, a doença hepática pode regredir ou eles podem ir ao transplante em condição muito melhor.

O tratamento da hepatite C no Brasil durava 48 semanas, com inúmeros efeitos colaterais e taxa de resposta em torno de 50%. Com a evolução dos remédios, esse número avançou nos últimos anos e a taxa atingiu 70%, mas ainda apresentava efeitos colaterais, que afastavam os pacientes do tratamento. O infectologista responsável pelo Ambulatório de HIV e Hepatites Virais da Disciplina de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo, Paulo Abrão Ferreira, informou que agora, com os produtos que serão ministrados, será possível evitar o uso da proteína sintética interferon. Para ele, isso representa uma revolução no tratamento da doença no país.

— É uma revolução porque agora a gente não precisa mais de interferon e não haverá efeitos colaterais.

Os médicos avaliam que o tempo mais curto de tratamento vai aumentar o número de atendimentos, disse Parise.

— Nos Estados Unidos, está sendo tratado em uma semana o que se tratava em meses com o procedimento anterior. Com isso, o Brasil pode quadruplicar a capacidade de tratamento, simplesmente pelo tempo mais curto e pelo número menor de efeitos colaterais.

No Brasil, a hepatite C atinge 2 milhões de pessoas e no mundo chega a 170 milhões, mas se o tratamento for aplicado na integridade, o paciente pode conseguir a cura.

— É uma doença curável. Tratou, eliminou o vírus, ela não volta mais.





Fonte: Do R7

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