Mãe diz que ex-modelo viciada em crack sofreu abusos sexuais Loemy Marques, 26, foi personagem de matéria da revista Veja sobre a "cracolândia" de SP, no último fim de semana

A dona de casa Elizabeth Marques dos Santos, de 48 anos, afirmou que a filha Loemy Marques, ex-modelo de 26 anos, e viciada em crack, foi abusada sexualmente pelo padrasto, dos 4 aos 10 anos de idade.

Segundo a mãe, o abuso a tornou uma adolescente revoltada. “Ela foi abusada, sim. Eu não flagrava nada, mas quando fiquei sabendo e vi a última vez, eu expulsei o homem de dentro de casa. Naquela época eu não sabia nada do que fazer. Não denunciei e, por isso, não teve ninguém punido pelo caso. Esse foi o primeiro trauma na vida dela. Cresceu uma menina difícil, mas nunca achei que ela ia parar onde está”, afirmou Elizabeth.

Loemy ganhou as redes sociais após ter sua história contada em uma matéria de capa da revista Veja de São Paulo, neste domingo (23). Ela foi para São Paulo tentar a sorte como modelo e acabou viciada. Hoje, ela vive nas ruas, na região conhecida como Cracolândia.

Segundo Elizabeth, que reside com os demais familiares em Lucas do Rio Verde (354 km ao norte de Cuiabá), Loemy ligou para ela há seis meses e demonstrou interesse em voltar para casa.

“Ela me ligou, disse que está doente e quer muito voltar. Mas ela não tem condições; e eu também não. Se minha filha precisa de ajuda, eu preciso de mais ainda. Estou sofrendo muito já há dois anos por saber que tenho uma parte de mim morando na Cracolândia de São Paulo”, disse a mãe da ex-modelo.

"Ela me ligou, disse que está doente e quer muito voltar, mas não tem condições e eu também não. se minha filha precisa de ajuda, eu preciso mais" Elizabeth contou que seu maior desejo, e de toda família, a partir de agora, é contar com a presença de Loemy na ceia de Natal.

“Quero ter minha filha comigo na ceia de Natal. Será o maior presente de fim de ano tê-la aqui comigo. Ela errou ao entrar nesse mundo das drogas, mas agora ela quer se ajudar e eu, como mãe, não posso abandoná-la”, afirmou.

Golpe

A jovem loira, dos olhos verdes, chamou atenção dos brasileiros, após a reportagem da Veja, por ser mais uma pessoa que tentou a sorte em São Paulo e acabou parando na Cracolândia.

Ela residia em Lucas do rio Verde, com a família, mas, em 2012, deixou a cidade após ser classificada por uma agência de modelo como uma das mais belas em um concurso realizado na cidade de Sinop.

“Ela passou em Sinop e teria que ter um dinheiro para tirar foto em São Paulo. Como o sonho dela era estudar engenharia e aqui na cidade não tem o curso, eu apoiei e ajudei ela ir. Chegando lá, ela tirou as fotos, mas precisava de R$ 10 mil para ir à Argentina e eu não tinha condições, por isso ela acabou desistindo do sonho e foi parar na Cracolândia”, contou a mãe.

À Veja, Loemy contou que consome atualmente cinco pedras de crack por dia, em média. Cada uma custa R$ 10. Muitas vezes, ela se prostitui para conseguir o dinheiro.

“Mas não faço nada sem preservativo, vim parar aqui com a consciência formada, pelo menos. Vejo muita menininha doente ou com filho”, afirmou ela à reportagem.

Segundo relatou à Veja, teve uma época em que ela recebia a droga de graça dos traficantes. Além da beleza, o jeito educado e cativante ajudava.

Ao saber da notícia que sua filha estava se envolvendo com drogas e morando fora de uma casa, dona Elizabeth foi para São Paulo e tentou a internar, mas os traficantes iam até a clínica e a tiravam de lá.

“Eu fiquei um mês lá, para acompanhar o tratamento dela, mas nunca deu certo. Três vezes a internei, mas sempre a força dos 'amigos' dela e da vontade de consumir o crack era maior que eu, e ela voltava à cracolândia. Na última vez que eu fui lá, eu fui proibida de entrar lá, se não iam me matar”, completou.

"Eu fiquei um mês lá para acompanhar o tratamento dela, mas nunca deu certo. Três vezes a internei, mas sempre a força dos “amigos” dela e da vontade de consumir o crack era maior que eu e ela, por isso voltava à cracolândia" Maconha

A irmã de Loemy, Noemi Marques Biazus, disse que até mesmo antes de morar em São Paulo já havia relatos de que ela fumava maconha, mas isso teria parado, porque ela foi selecionada para ser modelo.

“Antes de querer ser modelo ela quis ser engenheira e por isso ela terminou o ensino fundamental e se preparava para uma faculdade. Antes de fazer os testes nas passarelas, ela fumou maconha, mas parou porque foi selecionada para ir para São Paulo”, afirmou a irmã.

Ajuda

Dona Elizabeth espera ajuda financeira de políticos, amigos e outros familiares para tentar resgatar sua filha da Cracolândia. Segundo a dona de casa, atualmente ela cuida de um idoso de 80 anos que sofre de AVC.

“Eu trabalhei a vida toda e hoje cuido de um idoso com 80 anos que não tem condições de ficar sozinho. Não tenho minha própria casa, mas quero minha filha de volta. Preciso de ajuda e minha filha também”, afirmou.

“Acredito que com essa notícia publicada alguém de bom coração nos olhe e nos ajude, pois estou desesperada. Agora eu tenho certeza que minha filha quer voltar”, concluiu a dona de casa.

Nascida em Colíder no ano de 1989, Loemy faz aniversário na próxima quinta-feira (27). Aos 10 anos se mudou para Lucas do Rio Verde, onde estudou e morou com a mãe e a avó até os 22 anos.

Em 2012 tentou carreira de modelo, desfilou para várias agências em Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde e, quando foi selecionada para ir para São Paulo, acabou morando na Cracolândia.

Para a mãe da ex-modelo, a filha foi mais uma vítima da falta de oportunidade.

“Ela estava tendo toda chance de crescer como modelo, mas por não ter dinheiro acabou sendo deixada pelo caminho e, hoje, é refém da droga. Precisamos de ajuda”,afirmou.

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