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Policia MT
Terça - 02 de Dezembro de 2014 às 09:34

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Willian Fidelis/Sejudh-MT
Milton e Odair Geller estão detidos no Centro de Custódia de  Cuiabá (CCC), em Cuiabá.
Milton e Odair Geller estão detidos no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), em Cuiabá.

O advogado dos irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, disse ter protocolado na Justiça Federal em Diamantino, a 209 km de Cuiabá, um pedido de revogação da prisão de Milton e Odair Geller, nesta segunda-feira (1º). Eles estão presos há quatro dias por suspeita de participação em um esquema de fraudes com terras da reforma agrária. Além deles, outras 32 pessoas foram presas na Operação Terra Prometida, da Polícia Federal.

O advogado Murillo Silva Freire informou que irá aguardar a decisão e, se a Justiça for contrária à soltura, disse que irá ingressar com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) para tentar tirá-los da prisão. Ele disse que a decisão que mandou prender 52 pessoas por suspeita de fraude envolvendo terras da União foi proferida por um juiz plantonista.

"Queremos que o juiz titular da Comarca analise o nosso pedido de reconsideração", declarou. Antes do despacho, o pedido deve ser analisado também pelo Ministério Público Federal (MPE) que deverá dar o seu parecer. A previsão da defesa é que até esta quarta-feira (3) o pedido tenha sido julgado.

A assessoria da TRF-1 informou ao G1 que a defesa dos dois suspeitos havia protocolado pedido de habeas corpus no último final de semana, mas que os mesmos foram negados.

Alvos da Operação 'Terra Prometida', os produtores rurais estão presos preventivamente desde a última quinta-feira (27) por suspeita de envolvimento com uma quadrilha que expulsava famílias de terras da reforma agrária e depois regularizava o lote com a ajuda de servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Os irmãos estão detidos no Centro de Custódia de Cuiabá, prédio localizado nos fundos do Centro de Ressocialização de Cuiabá, antigo presídio do Carumbé, junto com outros presos durante a operação, entre eles Edu Pascoski, membro da diretoria do Luverdense. Eles ainda não receberam visita da família, apenas do advogado. Só devem ver os familiares na quarta-feira (3), já que esse tipo de visita é permitido apenas cinco dias após a prisão.

O diretor da unidade, Isaías Marques de Oliveira, explicou que, no domingo (30), tinha completado três dias da prisão e, na unidade, as visitas só são permitidas às quartas-feiras e domingos. Os agricultores dividem uma cela com outros dois presos. Eles e outras 50 pessoas suspeitas de participação no esquema tiveram a prisão decretada pela Justiça Federal em Diamantino, a 219 km da capital. Na operação, 33 pessoas foram detidas, entre empresários, sindicalistas, políticos e fazendeiros.

Milton e Odair foram procurados pela Polícia Federal em suas residências localizadas em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, a 269 e 360 km de Cuiabá, mas não foram encontrados. Das casas, os policiais levaram documentos.

Na noite de quinta-feira, data da operação, os irmãos se entregaram na sede da Polícia Federal. Depois, foram encaminhados para a prisão. Eles foram ouvidos, na sexta-feira (28), dentro da unidade prisional pelo delegado da PF Hércules Ferreira Sodré, que conduz as investigações sobre o caso, e negaram qualquer envolvimento com os crimes envolvendo terras da União em Itanhangá e Tapurah, a 447 e 414 km de Cuiabá.

No inquérito, Odair e Milton são apontados como integrantes do primeiro núcleo da quadrilha, composto por empresários e fazendeiros, mas não estavam entre os líderes da organização, que tinha outros três núcleos, formados por sindicalistas, servidores públicos do Incra, órgão ligado ao Ministério de Desenvolvimento Agrário, e colaboradores. Os fazendeiros e empresários se interessavam por alguns lotes e então aliciavam e pressionavam os assentados com proposta de compra, na maioria dos casos por valores muito abaixo do mercado.

Pela ordem, se aceitasse a proposta, o assentado assinava um termo de desistência endereçado ao Incra. Mas, caso discordasse da oferta de compra, era ameaçado de morte e expulso do lote à força. Na segunda situação, o termo de desistência era fraudado e a assinatura do posseiro, falsificada.

De posse dessa documentação falsificada, o fazendeiro ia até o sindicato rural de Itanhangá, combinava um valor para regularizar a área, apresentava um 'laranja' ou parente para ser beneficiado com a área. Na sequência, o sindicato encaminhava a carta de indicação e o termo de desistência ao Incra, onde um servidor simulava uma vistoria no lote. No entanto, o técnico raramente aparecia no assentamento e a vistoria nunca era realizada. Mesmo sem ter feito a vistoria, o servidor assinava um relatório dando direito de posse ao 'laranja', pois o assentado anterior havia desistido em favor do novo posseiro.





Fonte: Do G1 MT

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