Putin diz que Rússia sairá da crise em 'dois anos' Presidente russo fez uma coletiva de imprensa com jornalistas
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez seu discurso anual nesta quinta-feira (18) e afirmou que seu país conseguirá sair da crise econômica em, no máximo, "dois anos". "Temos os recursos suficientes para enfrentar a crise, o retorno do crescimento é inevitável e, no pior dos casos, serão necessários dois anos" para isso acontecer, declarou Putin aos jornalistas.
Para atingir esse objetivo, será preciso "diversificar a economia", algo que foi uma falha nesse governo. Ele aproveitou para defender as ações do Banco Central e de seu governo em frente à crise econômica e a queda do rublo, mas reconheceu que o BC agiu um pouco tarde para evitar o problema.
Mas, Putin insistiu que as reservas de US$ 419 bilhões serão suficientes parar evitar que o país quebre. "Eu não acredito que você pode chamar isso de crise, mas você pode chamar como quiser", disse ao jornalista que o questionou sobre o problema atual.
"Há interrogações sobre o governo e sobre o Banco Central relativos à tempestividade, às qualidades das medidas, mas falando em geral, as ações são absolutamente adequadas e na direção correta", ressaltou o mandatário.
Nesta semana, a moeda russa teve a maior desvalorização em 16 anos e chegou a ser cotada em 80 euros por rublo.
Crimeia e União Europeia
Ao ser questionado se a crise era o preço pela indexação da Crimeia ao território russo, ele respondeu secamente que "não".
Os problemas da economia russa aumentaram, consideravelmente, desde que Putin aceitou o então estado ucraniano em seu país.
A União Europeia e os Estados Unidos aplicaram, então, uma sequência de sanções políticas e econômicas, que enfraqueceram ainda mais o país. Nesta quinta-feira, o bloco europeu anunciou que vai parar de investir na Crimeia e a suspensão da exportação de alguns produtos dos setores de transporte de telecomunicações e de energia.
Além disso, estão suspensas as operações turísticas para o país e não será mais possível sair da Europa em cruzeiros para a região.
Quando foi questionado sobre a pressão feita pela União Europeia para que o país pare de fornecer armas aos separatistas pró-Rússia que lutam em Donetsk e Lugansk, na Ucrânia, Putin afirmou que "os nossos parceiros acham que são um reino e querem vassalos".
"O muro de Berlim caiu, mas estão sendo construídos novos muros, mesmo com nossas tentativas de colaboração. A expansão da Otan talvez não seja um muro, mas um muro virtual", disse o líder russo em relação à entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte e o aumento de tropas em regiões da fronteira ucraniana.
Já o ministro da Economia do país, Alexiei Uliukaiev, afirmou em entrevista à Vedomosti que as sanções ocidentais contra o país "devem durar por um período muito longo, talvez décadas".
Governo Putin foi questionado por um jornalista se ele não teme um "golpe no palácio", que derrubaria seu governo. Com seu sarcasmo, ele respondeu que "não temo golpes de palácio porque nós não temos palácios. Temos o Kremlim, que é bem protegido. Mas, a coisa mais importante que temos é o apoio da alma e dos corações dos cidadãos russos".
Jornalista indesejada
Quando uma famosa apresentadora televisiva de oposição foi fazer uma pergunta a Putin, ele se voltou furiosamente para seu assessor e pediu "por que você deu a ela a palavra?". Xenia Sobciak faz duras acusações contra o presidente sobre a Chechênia e sua campanha de ódio aos opositores.
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