Câmara aprova reajuste de 6,5% na tabela do Imposto de Renda Se confirmada para todo o mês, será maior retirada mensal de 2014. No acumulado do ano, saída de recursos chega a US$ 2,3 bilhões.
A retirada de dólares da economia brasileira superou o ingresso de recursos em US$ 7,06 bilhões na parcial de dezembro, até a última sexta-feira (19), de acordo com informações divulgadas pelo Banco Central nesta quarta-feira (24). Somente na semana passada, US$ 4,65 bilhões saíram do país.
Uma saída de recursos da ordem de US$ 7 bilhões, se confirmada para todo este mês, representará a maior retirada mensal de 2014. Até o momento, a maior saída de dólares neste ano foi registrada em novembro (-US$ 3,5 bilhões).
O Banco Central observou, em meados deste mês, que a retirada de recursos do Brasil costuma aumentar em dezembro. Isso está relacionado, por exemplo, com a remessa de dólares ao exterior de empresas multinacionais. Em dezembro de 2013, US$ 8,78 bilhões deixaram a economia brasileira.
Parcial de 2014 passa a ficar no vermelho
No acumulado deste ano, o fluxo de dólares, que estava positivo em US$ 2,35 bilhões até o dia 12 de dezembro, "virou" e passou a registrar saída de recursos - de US$ 2,3 bilhões no acumulado até o dia 19 de dezembro, ainda segundo números oficiais. No mesmo período de 2013, houve retirada de US$ 11,21 bilhões do Brasil.
Impacto no dólar
A retirada de recursos registrada no começo de dezembro favoreceria, em tese, a alta do dólar. Isso porque, com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar maior. No fim de novembro, a moeda norte-americana estava cotada em R$ 2,57. Nesta quarta-feira (24), a moeda fechou negociada a R$ 2,69.
Além do fluxo de recursos, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão o comportamento da economia norte-americana e as sinalizações sobre a política monetária nos Estados Unidos. Mais recentemente, a crise na Rússia, que sofre com a queda do preço do petróleo, também tem influenciado a alta do dólar ao redor do mundo - com mais ênfase no países emergentes.
Os indicadores da economia brasileira, que pioraram nos últimos anos e os fracos resultados dos últimos meses, além das intervenções do Banco Central no mercado futuro da moeda norte-americana, por meio da oferta dos contratos de "swap cambial" – instrumentos que funcionam como venda de dólares no mercado futuro, com impacto no mercado à vista – também impactam a cotação do dólar no Brasil.
Retirada de estímulos nos EUA
Nos Estados Unidos, a expectativa dos analistas é de continuidade da retirada de estímulos à economia, que começa a dar sinais de recuperação. Em 2015, a previsão é de que pode haver até mesmo aumento de juros nos Estados Unidos, o que tenderia a gerar retirada de dólares do Brasil, em direção aos EUA, e pressão de alta na cotação da moeda norte-americana.
O BC brasileiro, porém, também tem prosseguido com suas intervenções diárias no mercado com os "swaps cambiais" - que funcionam como venda de dólares no mercado futuro, atenuando as pressões no mercado à vista. Neste mês, o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, informou que o programa diário da oferta de swaps terá prosseguimento em 2015, com um valor entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões por dia.
Como funcionam os swaps cambiais
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Assim, o BC acalma a procura por dólares sem mexer nas reservas internacionais.
O investidor, preocupado com a tendência de alta, tem interesse em comprar dólares. Quando aceita a operação, fica estimulado a querer a queda ou a manutenção do dólar, para que não tenha que pagar ao banco mais do que receberá em juros. Essa taxa, normalmente, acompanha a Selic, que é a taxa básica da economia brasileira e hoje está em 11,75%. Se o dólar tiver variação acima disso, por exemplo, quem perde é o investidor.
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