Parte dos professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) não retornou às aulas nesta segunda-feira (24) após o fim da maior greve da instituição que durou 126 dias. Eles alegam que o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) desrespeitou o resultado da última assembleia geral dos docentes que apontou como data para o retorno somente o dia 1º de outubro. Por conta disso, a Associação dos Docentes da universidade (Adufmat) pede a revogação da portaria que instituiu o reinício das aulas para esta segunda-feira.
O Consepe, porém, que é a instituição máxima da universidade que congrega professores, alunos e técnicos, decidiu na última semana que o retorno às aulas ocorreria nesta segunda-feira. Em nota, a Adufmat repudiou a atitude da universidade e salientou que a gestão da instituição só pode ser considerada democrática quando feita por meio dos seus órgãos deliberativos.
“A decisão deveria ser tomada, como de costume, de ‘baixo para cima’, ou seja, a proposta do novo calendário deveria ser enviada aos Colegiados de Curso, Departamentos, Congregações de Instituto e apenas após isso, votada no Consepe, a última instância de deliberação”, afirmou o professor Maurélio Menezes, do Departamento de Comunicação Social da UFMT.
A Adufmat salientou ainda que decidiu pelo reinício das aulas no dia 1º de outubro para dar mais tempo para os alunos de fora do estado se reorganizarem. Muitos deles, segundo a associação, quebraram contratos de aluguel por conta dos meses que ficaram sem aulas e, agora, terão que procurar um novo lugar para morar.
Em entrevista à TV Centro América, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso, nesta segunda-feira, a reitora Maria Lúcia Cavalli Neder afirmou que o retorno às aulas foi seguido após decisão do Consepe e que o calendário só será reajustado nos próximos três anos. O mesmo órgão, segundo a reitora, irá definir o período de férias e o novo calendário escolar da instituição na próxima semana. “Estamos com reuniões em todos os departamentos de todos os cursos para ajustar principalmente as férias dos professores. O Consepe determinou o retorno a partir de hoje e durante esta semana haverá um replanejamento”, explicou.
Para o processo de reposição das aulas, Neder destacou que além dos sábados, a instituição vai aproveitar o período de férias para garantir por completo a reposição de todas as aulas perdidas. “Nós estaremos utilizando principalmente os meses de fevereiro e pedaços do mês de julho para que a gente possa regularizar essa situação”, finalizou.
Fim da greve
Em assembleia no último dia 19, o fim da greve foi confirmado por 89 professores. Outros 36 votaram pela continuidade da greve. Houve ainda três abstenções. Ao todo, os professores ficaram 126 dias parados. O fim do movimento grevista foi decidido após um comunicado do Sindicado Nacional dos Docentes que declarou encerrada a paralisação que ainda era mantida por 13 instituições, entre elas, a UFMT.
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