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Segunda - 24 de Setembro de 2012 às 10:04

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Pense em uma data, e o britânico Aurelien Hayman será capaz de lhe dizer o que ele fez, o que comeu, o que vestiu, que canções ouviu e outras memórias daquele dia.

 

 

Detalhes que acabariam esquecidos pela maioria das pessoas permanecem guardados na memória do jovem de 20 anos, portador de uma síndrome rara conhecida como memória autobiográfica superdesenvolvida, ou hipertimesia.

 

Aurelien, tema do documentário The Boy who Can"t Forget(O garoto que não consegue esquecer, em tradução livre), a ser exibido nesta semana na emissora britânica Channel 4, explica que na adolescência ele percebeu que era capaz de se lembrar de coisas específicas de datas igualmente específicas.

 

Em 1º de outubro de 2006, por exemplo, Aurelien diz lembrar que o tempo estava nublado, que escutou a canção When You Were Young, da banda The Killers, que ele usou uma camiseta azul e que sua casa ficou sem luz durante algumas horas.

 

"É como se eu estivesse acessando rapidamente uma pasta arquivada (no meu cérebro)", disse ele, segundo o jornal The Daily Mail. "Todas as datas têm fotos. É um processo visual, vejo uma sequência de imagens."

 

Ele ressalva, porém, que não tem "nenhum método ou técnica" para se lembrar - é algo que acontece naturalmente.

 

Estudos científicos

 

A síndrome de Aurelien foi documentada há pouco tempo, em um artigo científico de 2006 no periódico Neurocase. Nele, os médicos descreviam o caso da americana AJ (posteriormente identificada como Jill Price), uma mulher que dizia ter uma memória "incessante, incontrolável e automática".

 

"Penso no passado o tempo todo. É como um filme que nunca acaba", disse ela aos cientistas. "Enquanto falo com vocês estou pensando no que aconteceu comigo em 17 de dezembro de 1982, uma sexta-feira, quando eu comecei a trabalhar em uma loja. É uma questão de datas. Ouço uma data e sou capaz de vê-la; vejo o mês, o ano."

 

Há apenas cerca de 20 pessoas diagnosticadas com a hipertimesia no mundo. A condição tem semelhanças com o autismo e se caracteriza pelo uso de mais partes do cérebro para a memória de longo prazo.

 

Segundo o artigo da Neurocase, as principais características da hipertimesia são a capacidade de "passar uma quantidade anormal de tempo pensando no passado" e "de lembrar eventos específicos do próprio passado".

 

Memória boa, memória ruim

 

O curioso é que, apesar da habilidade incomum de lembrar detalhes da própria vida, os portadores da síndrome não são bons em recordar outras coisas mundanas e gerais.

 

"Em contraste com a forte memória autobiográfica de AJ e de sua habilidade em lembrar datas e eventos, ela não é uma boa memorizadora", prosseguem os cientistas. "Ela contou que tem cinco chaves em seu chaveiro e nunca lembra para que elas servem. Tem que fazer listas para se lembrar de suas tarefas. E disse que sofria para se lembrar de poemas ou datas históricas."

 

Num determinado dia, após passarem horas juntos, os cientistas pediram para que AJ fechasse os olhos e descrevesse que roupas os médicos estavam usando. Ela não conseguiu lembrar.

 

O jovem britânico Aurelien tem experiência semelhante: contou ao Daily Mail que sua supermemória para detalhes autobiográficos não lhe oferece nenhuma vantagem na universidade, onde cursa literatura inglesa.

 

"Tenho uma boa memória em geral. Mas por ser uma memória autobiográfica, ela não me ajuda com um trabalho acadêmico universitário", conta.

 

Os cientistas explicam que, em compensação à memória autobiográfica superior, os portadores da síndrome podem apresentar deficit em funções de organização e controle mental, por exemplo, além de tendências obsessivo-compulsivas.





Fonte: DA BCC

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