Após vazamento de gás tóxico, polo petroquímico é evacuado em Cubatão Ao menos 70 pessoas tiveram sintomas de intoxicação e precisaram ser socorridas
Funcionários de empresas do polo petroquímico de Cubatão tiveram que sair às presas do local por volta das 10h desta sexta-feira (23), após ser constatado um vazamento de gás. Ao menos 70 pessoas foram socorridas a um pronto-socorro com sintomas de intoxicação. Elas se queixavam de irritação nos olhos, garganta, enjoo e dores pelo corpo.
Equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e da prefeitura do município estão no local.
A Cetesb informou que foi identificado “um possível vazamento de dióxido de enxofre” e que o forte odor causou incômodo à população local.
Por volta do meio-dia, técnicos da Agência Ambiental faziam vistorias nas indústrias do polo petroquímico para tentar identificar a fonte do vazamento de gás.
O dióxido de enxofre é utilizado, principalmente, na produção de ácido sulfúrico. Não é um gás inflamável, mas que ao ser inalado pode provocar os sintomas relatados pelas pessoas que foram levadas ao hospital.
Uma das refinarias que integram o polo petroquímico é a de Presidente Bernardes, pertencente à Petrobras. Em nota, a empresa afirmou que alguns de seus funcionários passaram mal, mas que o vazamento não teve origem naquela refinaria.
A Comdec (Comissão Municipal de Defesa Civil de Cubatão) e a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Cidadania também vão investigar a origem do vazamento. Segundo a comissão, a nuvem de gás chegou à avenida Nove de Abril, a principal da cidade.
Veja como estava a situação na região:
Outro caso
Cubatão foi palco de um grande acidente há 30 anos: o incêndio na Vila Socó, em Cubatão. O episódio, ocorrido no dia 24 de fevereiro de 1984, durante a ditadura militar, deixou 93 mortos (dados extraoficiais, no entanto, indicam que mais de 500 pessoas podem ter morrido).
O fogo começou por volta da meia-noite, na madrugada dos dias 24 e 25, quando moradores perceberam o vazamento de gasolina em um dos oleodutos da Petrobras, que ligava a Refinaria Presidente Bernardes ao Terminal de Alemoa. A tubulação passava em uma área alagadiça, perto da vila, que era constituída principalmente por palafitas e ocupada por cerca de 6.000, de forma irregular.
Mesmo após 30 anos, o caso ainda está sendo investigado. Membros da Comissão da Verdade da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Cubatão querem responsabilizar o Estado brasileiro pelo que chamam de “abafamento” do caso ou acobertamento do total de mortos na tragédia. A OAB também quer que a Petrobras e o governo brasileiro sejam obrigados a corrigir o valor das indenizações por perdas materiais pagas pela estatal e que indenizem as pessoas que moravam no local e que não foram incluídas como vítimas do incêndio na época.
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