Avanços no combate à inflação ainda não são suficientes, diz Banco Central Na última semana, Copom subiu juros de 11,75% para 12,25% ao ano. Previsão do mercado é de nova alta no juro, para 12,5% ao ano, em março.
O cenário de convergência da inflação para o centro da meta, em 4,5%, tem se fortalecido para 2016, segundo o Banco Central. Em ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que subiu a taxa básica de juros da economia de 11,75% para 12,25% ao ano na semana passada, o BC afirmou, no entanto, que os avanços no combate à inflação ainda não são suficientes – indicando que o ciclo de alta de juros pode não ter acabado.
A expectativa do mercado financeiro, captada por meio de pesquisa do próprio BC na semana passada, é que a taxa sofra um novo aumento na próxima reunião do Copom, em março, para 12,5%.
Caso a estimativa se confirme, essa alta da Selic será menor (0,25 ponto percentual) que aquela definida na semana passada (0,5 ponto percentual). A previsão dos economistas, até o momento, é que a elevação dos juros em março seja a última de 2015.
Metas de inflação
Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, informou, no fim do ano passado, que a inflação deve retomar a trajetória de convergência para a meta central "ao longo de 2015". Segundo ele, o "horizonte de convergência" com o qual o BC trabalha "se estende até o final de 2016". O objetivo do BC, portanto, é entregar a inflação na meta central de 4,5% somente no ano que vem.
Inflação elevada no início de 2015
Na ata do Copom, divulgada nesta quinta-feira, o Banco Central reafirmou que "não descarta a ocorrência de cenário que contempla elevação da inflação no curto prazo", ou seja, nos próximos meses.
Na última sexta-feira (23), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, ganhou força de dezembro de 2014 para janeiro de 2015, passando de 0,79% para 0,89%. Com isso, no acumulado em 12 meses, o índice somou 6,69% – acima do teto da meta de inflação do governo, de 6,5%.
Na ata de sua última reunião, o Copom informou ainda que "antecipa que a inflação tende a permanecer elevada em 2015, porém, ainda este ano entra em longo período de declínio".
Ajustes nos preços relativos
Para o Copom, o fato de a inflação atualmente se encontrar em "patamares elevados" reflete, em parte, a ocorrência de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia – realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais (alta do dólar, por exemplo) e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres (aumento de preços como energia elétrica e gasolina).
"Ao tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária [definição dos juros para conter as pressões inflacionárias] pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes", acrescentou.
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