Mendes critica protesto e diz que passe livre encarece a passagem Prefeito diz que manifestação é "demagogia" e aumento é uma "questão técnica"
O prefeito Mauro Mendes (PSB) classificou de "demagogo" o protesto de estudantes contra o reajuste da tarifa de ônibus em Cuiabá, realizado na quarta-feira (18), e afirmou que, entre outros fatores, o alto valor da passagem é decorrente do passe livre, que beneficia os próprios estudantes.
De acordo com o prefeito, os estudantes que protestaram por causa do reajuste da tarifa, que passou dos R$ 2,85 para R$ 3,10,no início desta semana, são os mesmos que se beneficiam com o passe livre, que garante gratuidade de transporte a todos os alunos da capital mato-grossense, desde 2001.
Atualmente, a tarifa é a terceira mais cara do país e aproximadamente 62 mil estudantes usufruem do programa passe livre, que, conforme o prefeito, caso fosse extinto, reduziria a tarifa em pelo menos 50 centavos.
“Se tirar a tarifa dos estudantes, a passagem cai para R$ 2,60. Se eles toparem, a gente baixa para R$ 2,60. É só acabar com o passe estudantil. Custa caro porque o passe estudantil, que é gratuito, é pago pelo trabalhador, pela empregada doméstica, pelo empresário e hoje ele eleva a tarifa de R$ 2,60 para R$ 3,10”, disse Mendes ao MidiaNews.
"Se tirar a tarifa dos estudantes, a passagem cai para R$ 2,60. Se eles toparem, a gente baixa para R$ 2,60. É só acabar com o passe estudantil. Custa caro porque o passe estudantil, que é gratuito, é pago pelo trabalhador, pela empregada doméstica, pelo empresário e hoje ele eleva a tarifa de R$ 2,60 para R$ 3,10"
Conforme o prefeito, o cenário de despesas por parte do setor de transportes não está sendo considerado pelos usuários, que reclamam do cálculo que culminou no reajuste do valor da tarifa.
O cálculo considera itens da planilha de custo que norteia a definição do percentual de reajuste da tarifa, como o número de veículos, custos com os salários dos funcionários, o preço do combustível, o desgaste dos pneus, valores das peças de reposição e insumos básicos.
Por isso, segundo Mauro Mendes, qualquer movimento social que não considere o panorama do setor do transporte é “político e demagogo”.
“Essa questão é técnica, não é para fazer palanque para ninguém. Existe alguma coisa de graça nesse país? A Dilma acabou de aumentar o combustível. Existe uma realidade e contra fatos não há argumento. Acabou o tempo de ficar tentando fazer política com média, com demagogia. Existe uma dura realidade que tem que ser enfrentada”, afirmou.
Sobre a qualidade do serviço prestado, alvo de inúmeras reclamações dos usuários do transporte, o prefeito disse que a situação está sendo analisada e que a intenção é melhorar todo o setor.
“O que é importante é que eu já coloquei uma comissão para estudar e esse primeiro semestre eu vou soltar um edital de licitação para nós enfrentarmos esse problema da qualidade e da melhoria do transporte”, completou.
Atualmente, o transporte público de Cuiabá conta 383 ônibus em funcionamento, que atendem 5,4 milhões de usuários por ano, sendo que, destes, 4 milhões são pagantes.
Passe livre
O passe livre é um benefício social da Prefeitura de Cuiabá instituído pela Lei do Passe Livre (nº 4.141) e que vigora na capital desde 17 de dezembro de 2001.
Tem direito ao benefício o aluno que mora a mais de dois quilômetros da unidade escolar na qual está matriculado, sendo liberado conforme a grade curricular que é informada pela escola.
O aluno que possui o benefício tem o direito de usá-lo somente no horário das aulas, apesar de muitas críticas dos estudantes que querem o benefício sem restrição de horários.
O sistema funciona por meio de validação dos cartões transportes em equipamentos (validadores) instalados dentro das escolas, para comprovarem que estão frequentando as aulas.
Ao validar o cartão estudantil, o estudante recebe um crédito para retornar à residência e um crédito para ir à escola no dia seguinte. Caso o aluno tenha utilizado seu crédito indevidamente, para outra finalidade, o mesmo não terá a gratuidade.
A reportagem tentou contato com o representante da União Estadual dos Estudantes (UEE), Rarikan Heven, um dos organizadores do protesto, mas que não obteve retorno.
Protesto
O protesto contra o reajuste da tarifa do transporte coletivo aconteceu no fim da tarde desta quarta-feira (18) e reuniu aproximadamente 150 pessoas, entre elas, estudantes, sindicalistas, movimentos sociais e os vereadores Allan Kardec e Arilson da Silva, ambos do PT.
Com gritos contra o prefeito Mauro Mendes, os manifestantes caminharam da Praça Ipiranga, local de concentração, seguindo as avenidas da Prainha e Getúlio Vargas e a Rua Barão de Melgaço.
Na ocasião, eles afirmaram que o movimento era contra o "abuso" que é o atual preço da tarifa e cobraram melhorias no transporte coletivo.
O protesto durou quase uma hora e a manifestação foi acompanhada por 10 agentes de trânsito, que ficaram posicionados nas praças Ipiranga e Alencastro e ao longo da caminhada.
Outros 30 policiais militares, inclusive alguns infiltrados à paisana na manifestação, estiveram monitorando o protesto, que terminou pacificamente.
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