Balança comercial tem déficit de US$ 3,17 bilhões em janeiro Déficit ficou abaixo do registrado em janeiro do ano passado, diz governo. Média de exportações em janeiro é a menor em cinco anos, informa MDIC.
As importações superaram as vendas externas, resultando em déficit da balança comercial brasileira, em US$ 3,17 bilhões em janeiro deste ano, informou nesta segunda-feira (2) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Este foi o quarto ano seguido no qual a balança comercial tem saldo negativo em janeiro. Em janeiro de 2012, 2013 e 2014, o déficit da balança comercial somou, respectivamente, US$ 1,3 bilhão, US$ 4,04 bilhões e US$ 4,06 bilhões. Deste modo, o déficit ficou menor do que o registrado em janeiro do ano passado.
"Chamo a atenção para a característica sazonal para janeiro, que é deficitário. Resultado da entressafra [de grãos], das férias coletivas e da baixa atividade econômica [e seus impactos nas exportações]. As importações já começam a subir em janeiro, com as empresas começando a repor seus estoques", avaliou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Daniel Godinho.
Governo prevê saldo positivo em 2015
O secretário não quis fazer uma estimativa para o saldo comercial deste ano e para as exportações. Se limitou a dizer que espera um saldo positivo (exportações maiores do que importações) em todo este ano.
"Isoladamente, com o resultado de janeiro não podemos fazer uma projeção para todo ano. Pelo lado positivo, há a questão do câmbio [dólar mais alto, que estimula exportações] e recuperação nos Estados Unidos. Pelo lado dos desafios, temos preços das 'commodities' [produtos básicos] deprimidos e incertezas sobre parceiros importantes [como Europa]", acrescentou Godinho.
Exportações e importações em janeiro
Segundo o governo, as vendas ao exterior somaram US$ 13,7 bilhões em janeiro e, com isso, tiveram uma queda de 10,4% sobre janeiro de 2014. Os produtos manufaturados e básicos registraram retração de vendas, mas os semimanufaturados tiveram aumento de exportações.
De acordo com dados oficiais, a média diária de exportações do mês passado, de US$ 652 milhões, é a menor para todos os meses desde janeiro de 2010 - quando somou US$ 565 milhões, ou seja, em cinco anos.
"Temos um efeito da questão dos preços de 'commodities' que tiveram queda mais acentuada do que o esperado por todo mercado. Isso impacta a balança comercial, mas temos oportunidades claras em produtos manufaturados e estamos desenvolvendo o plano de exportações", afirmou Godinho, do MDIC.
As vendas de produtos básicos recuaram 11,1% sobre janeiro do ano passado, enquanto os manufaturados registraram queda de 14,6%. Já as vendas externas de semimanufaturados cresceram 3,1%.
Segundo números do MDIC, a queda de 49% no preço do minério de ferro impactou as vendas externas do produto, que somaram US$ 1,2 bilhão no mês passado, contra US$ 2,5 bilhões em janeiro de 2014 - impactando o saldo comercial no mês passado.
Ao mesmo tempo, as importações somaram US$ 16,87 bilhões em janeiro, com queda de 12% sobre o mesmo mês de 2014. Na comparação com janeiro de 2014, recuaram os gastos com com combustíveis e lubrificantes (-28,4%), bens de consumo (-14,2%), bens de capital (-8%) e matérias-primas e intermediários (-7%).
Plano para aumentar exportações
O novo ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro Neto, afirmou nesta segunda-feira em São Paulo que o governo anunciará no início de março o plano nacional de exportações, uma das bandeiras defendidas no início de sua gestão, junto a uma agenda de reformas microeconômicas.
Ele disse acreditar que o atual patamar do dólar frente ao real (mais alto frente ao ano passado) oferece uma perspectiva positiva para o país retomar as exportações neste momento. “Acreditamos que [o plano de exportações] pode ser um vetor para manter o nível de atividade econômica do país”, afirmou.
Monteiro destacou ainda a necessidade de dar maior ênfase a acordos bilaterais e colocar os Estados Unidos no centro da estratégia da política comercial brasileira, junto de países da América Latina como Chile, Peru, Colômbia e México.
Resultado de 2014
Em 2014, a balança comercial brasileira teve déficit (importações maiores do que vendas externas) de US$ 3,93 bilhões, o pior resultado para um ano fechado desde 1998, quando houve saldo negativo de US$ 6,62 bilhões. Também foi o primeiro déficit comercial desde o ano 2000, quando as compras do exterior ficaram US$ 731 milhões acima das exportações.
De acordo com o governo, a piora do resultado comercial no ano passado aconteceu, principalmente, por conta da queda no preço das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, petróleo e alimentos, por exemplo); pela crise econômica na Argentina – país que é um dos principais compradores de produtos brasileiros – e pelos gastos do Brasil com importação de combustíveis.
Estimativas do mercado e do BC para 2015
A expectativa do mercado financeiro para este ano, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, é de melhora do saldo comercial. A previsão dos analistas dos bancos é de um superávit de US$ 5 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior.
Já o Banco Central prevê um superávit da balança comercial de US$ 6 bilhões para 2014, com exportações em US$ 234 bilhões e compras do exterior no valor de US$ 228 bilhões.
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