EI anuncia morte de americana na Síria; EUA não confirmam Kayla Mueller teria sido morta em um ataque aéreo da coalizão internacional na região de Raqa; a jovem foi sequestrada pelo Estado Islâmico em agosto de 2013
Os Estados Unidos não têm provas que confirmem a declaração do grupo Estado Islâmico (EI), segundo o qual uma refém americana teria morrido no bombardeio lançado por um avião jordaniano na Síria.
"Estamos, é claro, muito preocupados com esses informes, mas não temos, até agora, nenhuma prova que corrobore o que foi dito pelo EI", afirmou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Bernardette Meehan.
Nesta sexta-feira, o EI anunciou que a refém americana Kayla Mueller foi morta em um ataque aéreo da coalizão internacional na Síria, na região de Raqa (norte).
"A aviação da coalizão dos cruzados bombardeou uma posição na periferia de Raqa, depois das orações de sexta-feira. Nenhum combatente foi atingido, mas podemos confirmar que uma refém americana morreu nos ataques", relatou o EI em um comunicado postado nos sites jihadistas.
No título do comunicado, o EI menciona que a Força Aérea jordaniana matou a refém americana, mas, no texto, refere-se unicamente a um ataque da coalizão.
O comunicado assinado pelo gabinete de informações da província de Raqa não é acompanhado por fotos da suposta refém, mostrando apenas imagens de imóveis destruídos. Ela teria morrido soterrada.
A legenda de uma das fotos de um prédio em ruínas diz se tratar dos escombros do local onde a refém faleceu.
Nos Estados Unidos, a família de Kayla confirmou que a jovem, uma funcionária humanitária do Arizona (sudoeste), foi sequestrada pelo EI em Aleppo, na Síria, em 4 de agosto de 2013.
Segundo a família, que pediu à imprensa que trate o assunto com cautela, Kayla Mueller chegou em dezembro de 2012 à fronteira turco-síria para trabalhar com as ONGs Support to Life e Danish Refugee Council, que ajudam os refugiados sírios.
Em maio de 2014, seus familiares receberam uma confirmação do cativeiro da jovem e uma prova de vida.
Um porta-voz do governo jordaniano disse à AFP que "estamos muito céticos".
"Como podem identificar um avião jordaniano de tão longe? O que a americana fazia em um depósito de armas? Isso é parte de sua propaganda criminosa", completou a fonte consultada pela AFP.
O Exército da Jordânia apenas indicou que seus aviões realizaram novos ataques contra o EI nesta sexta e "destruíram posições dessa organização terrorista".
EI divulga vídeo que mostraria piloto sendo queimado vivo
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou que mais de 30 jihadistas do EI foram mortos, e vários equipamentos, destruídos, nos ataques da coalizão nesta sexta-feira, no norte da Síria.
As incursões atingiram "posições e depósitos de veículos militares e blindados, ao leste e ao oeste da cidade de Raqa", autoproclamada capital do EI, destalhou a ONG.
Em paralelo, os Emirados Árabes Unidos anunciaram na noite desta sexta que vão retomar, "dentro de alguns dias", sua participação nos bombardeios aéreos da coalizão. A informação foi passada por um funcionário de alto escalão do governo americano, após um encontro entre o secretário John Kerry e autoridades do Conselho de Cooperação do Golfo.
Os Emirados suspenderam suas operações militares aéreas em dezembro para protestar contra o sequestro do piloto jordaniano.
Milhares de manifestantes marcharam em Amã, após a oração semanal de sexta-feira, para condenar a execução do piloto Maaz al Kasasbeh, morto pelo EI. "Todos somos Maaz", "Todos somos Jordânia", "Sim, ao castigo, sim à erradicação do terrorismo" diziam os cartazes levados pela multidão.
Vestida de preto e com o tradicional lenço jordaniano branco e vermelho, a rainha Rania participou do protesto. "Hoje sou como qualquer outro jordaniano. Estamos unidos no luto e por nosso horror", disse a soberana à rede BBC.
"Com seu ato de ódio (...) conseguiram apenas nos unir em nossa determinação de nos livrarmos desses malfeitores", completou Rania.
Na quinta-feira, a Jordânia anunciou ter realizado ataques aéreos contra posições jihadistas na Síria e no Iraque em resposta à execução brutal do piloto, queimado vivo em uma jaula.
Acusado de limpeza étnica e de cometer crimes contra a Humanidade, o Estado Islâmico aproveita a guerra civil na Síria e a instabilidade no Iraque para assumir o controle de amplas faixas de território, onde impõe suas próprias leis e espalha o terror.
O EI já anunciou a execução de três reféns americanos (dois jornalistas e um trabalhador humanitário), dois voluntários britânicos, dois reféns japoneses e um piloto jordaniano.
Comentários