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Economia
Segunda - 09 de Fevereiro de 2015 às 22:57

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Desde o final de 2014, as concessões de crédito do BNDES e dos bancos comerciais já começaram a cair. E para entidades empresariais, o cenário tende a ser pior neste ano, principalmente para os micro e pequenos negócios.

Dados do Banco Central (BC) mostram que as concessões de crédito do BNDES voltadas para capital de giro teve queda de 48% no ano passado. Somente no último trimestre de 2014 a retração foi de 30,8%. No entanto, a liberação de financiamento para investimentos teve crescimento de 2,3% no ano.

Em decorrência dos ajustes econômicos em curso, entidades empresariais afirmam que os bancos públicos e comerciais vão ficar mais seletivos na concessão de crédito. "Parte do ajuste fiscal passa pela redução dos repasses do Tesouro Nacional aos bancos públicos. Já sabemos que isso vai acontecer. Portanto, as instituições financeiras irão ficar mais seletivas e vai ocorrer uma restrição maior de crédito", diz o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Vítor França.

Já o presidente do sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), Joseph Couri, afirma que a seletividade dos bancos na liberação de financiamento às micro e pequenas começou desde o início do ano passado e de forma "agressiva".

"A maior restrição ao financiamento teve início no primeiro semestre de 2014, quando o mercado financeiro enxugou R$ 13,4 bilhões que estavam no mercado em nível de empréstimos", diz Couri.

"Já no segundo semestre, os bancos realizaram um depósito compulsório no Banco Central e, com isso, tiveram R$ 45 bilhões para emprestar. Contudo, na prática, esse dinheiro não chegou para as micro e pequenas empresas. Ficou parado no caixa dos bancos", complementa o representante.

Neste ano, Couri diz que as instituições financeiras estão, de fato, sem recursos para realizar empréstimos. "Em 2015, pelo menos, os bancos estão sendo honestos. Quando a empresa solicita crédito eles afirmam: não temos dinheiro, não vamos emprestar", ressalta o presidente do Simpi.

Taxa de juros

Para os entrevistados, o governo não deve realizar muitas alterações na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) - taxa utilizada nas linhas de financiamento às micro e pequenas e que hoje está em 5,5% ao ano. No último dia 30, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou a afirmar que não irá realizar mudanças "abruptas" na TJLP. "O governo não pode mexer muito na TJLP. É uma taxa voltada para investimentos, que já tem uma participação ruim no PIB [Produto Interno Bruto]. Não dá para penalizar ainda mais os investimentos do País", afirma o assessor econômico da FecomercioSP.

Para Couri, o ministro precisa deixar mais claras as mudanças que haverá da TJLP para conquistar a confiança, não só dos empresários, como dos consumidores. "Essas alterações precisam ser anunciadas de uma vez. Se não, instala-se uma boataria no mercado que não contribui para restabelecer a confiança dos empresários no governo", diz Couri.

Sobre a promessa do ministro de respeitar a TJLP dos contratos antigos, o presidente do Simpi diz que é necessário que isso seja formalizado, pois "não há garantias de que os bancos irão cumprir com essa regra", afirma ele.

Demanda

Segundo França, as concessões de crédito dos bancos públicos e privados passam também por um problema de demanda. "A retração do crédito também está ocorrendo pelo viés da demanda. A desconfiança no cenário econômico reduziu os projetos de investimentos das empresas", diz ele. No Índice de Disposição do Empresário da Fecomercio, a intenção de investimento passou de 106,7 pontos em janeiro de 2014, para 88,8 pontos no mesmo mês deste ano.

França informa também que os desembolsos do BNDES às micro e pequenas do comércio teve queda de 10%, considerando os períodos de janeiro a novembro de 2013 e 2014.





Fonte: Reuters

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