MPF-CE arquiva caso do vazamento da redação do Enem 2014 Para o MPF, não houve beneficiários com vazamento de tema da redação. Não foi possível identificar responsável pelo vazamento, diz MPF-CE.

Não houve beneficiados com o vazamento do tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014. Com esse entendimento, resultado das investigações promovidas pelo Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE), a procuradora da República Nilce Cunha decidiu, nesta quarta-feira (11), pelo arquivamento do procedimento que apurava o caso.

De acordo com a procuradora, considerando tudo o que foi apurado nos autos, incluindo relatório pericial da Polícia Federal, ficou concluido que as irregularidades verificadas no manuseio das provas de redação "não se revelaram de potencial capaz de malferir o princípio da isonomia, assim como não foi possível identificar o responsável pelo vazamento e tampouco a ocorrência de qualquer benefício para quem quer que seja".

Além disso, segundo o MPF, não foi possível comprovar que o vazamento resultou de um esquema pré organizado com o objetivo de beneficiar candidatos. "O que ocorreu foi, a bem da verdade, uma notícia de forma bastante restrita e desorganizada, sem potencial para malferir o princípio da isonomia entre os concorrentes", aponta a procuradora.

O relatório também detalha que os estudantes participantes do Enem 2014, ouvidos na investigação, não teriam como ser beneficiados. Em um dos casos, porque o estudante tomou conhecimento do tema um pouco antes do início da prova, não lhe conferindo credibilidade, achando que se tratava de mais um ''trote'' dentre tantos que circulavam nas redes sociais. Nos outros dois casos, porque o estudante somente teve acesso à informação após concluir a prova e já fora do local do exame.

Na conclusão do arquivamento, a procuradora Nilce Cunha defende, ainda, que considerando que o Enem 2014 contou com cerca de 9 milhões de inscritos, "somente fatos deveras graves o suficiente para comprometer a legalidade e lisura do exame poderiam autorizar medidas tendentes à anulação das provas, e, desde que comprovado haver um número significativo de concorrentes se beneficiado da fraude".

Denúncias

Três alunos disseram que receberam mensagens pelo celular com o tema da redação da prova, "Publicidade infantil no Brasil", antes ou durante a realização do exame. Um estudante de 20 anos, que mora em Fortaleza, disse que chegou ao celular dele às 11h50 uma mensagem com uma imagem mostrando o tema da redação na folha de prova. "

Antes de chegar à prova, uma hora e dez minutos antes eu recebi uma mensagem de um colega de Campina Grande. Se a mensagem chegou de outro estado, de São Paulo, então, ela deve ter se espalhado em vários estados ainda antes da prova", afirmou. Não sei se vou entrar com alguma representação na Justiça, vou conversar com meus pais e com a direção", afirmou.

Uma estudante do ensino médio de 17 anos afirmou ter recebido uma mensagem em áudio no celular às 15h11 (horário de Brasília) e a viu logo após sair do local de prova. O áudio era de um amigo que soube do tema por ter visto uma imagem do carderno de prova que chegou via celular no WhattsApp, segundo a aluna. No momento, outros alunos ainda realizavam os exames, que podia ser concluído até as 17h30 do domingo.

Um terceiro aluno declarou ao G1 que também recebeu uma mensagem às 15 horas no celular também por WhatsApp. "Enquanto eu que passei o ano inteiro estudando, fazendo redações, eu não me beneficiei porque eu não sabia que era realmente o tema da redação. Mas a pessoa que recebeu primeiro teve tempo para se preparar e sabia que seria o tema da redação", acrescenta este aluno, que também não quis se identificar. Ele diz que também recebeu a imagem da prova às 10h50, mas só checou a mensagem depois que deixou o local do exame.