Reajustes na energia elétrica podem impactar IPCA de março, diz IBGE Taxa extra das bandeiras tarifárias das contas de luz aumentou no dia 2. Concessionárias de diversas capitais aumentam tarifa a partir deste mês.
O reajuste das tarifas de energia elétrica de diversas concessionárias do país e o aumento na taxa extra das bandeiras tarifárias, cobrada nas contas de luz quando há aumento no custo de produção de energia, podem impactar a inflação oficial do país em março, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A análise é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A partir do dia 2 de março, houve 80% no reajuste médio da parcela referente à bandeira tarifária, passando de R$ 3 para R$ 5,50 para cada 100 kWh (quilowatts-hora) [de energia usados]”, apontou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, nesta sexta-feira (6). “(...) março provavelmente vai ser um mês em que o peso, a pressão dos monitorados sobre a inflação vai ser bastante forte”.
De acordo com o IBGE, no Rio de Janeiro, houve - também a partir do dia 2 março - reajuste de 22,5% sobre a tarifa da energia elétrica em uma das concessionárias que fornece energia à capital. “Numa outra, estão discutindo o valor”.
“Em Porto Alegre, na mesma data, reajuste na taxa de iluminação pública de 22,37%. E existe lá mais de uma concessionária que domina. E entre elas, os reajustes vão entre 22% a 39%. Em Belo Horizonte, 28,80%, Recife 2,20%. São Paulo também é mais de uma, mas a mais importante, 31,90%”, apontou.
Já Brasília, segundo o órgão, teve reajuste de 24,10% na energia elétrica, enquanto Belém teve 3,60%, Fortaleza, 10,30%, Salvador, 5,40%, Curitiba, 26,40%, Goiânia, 27,10%, Vitória, 26,30% e Campo Grande, 27,90%.
“No mês de março já estão previstos vários aumentos importantes, aumentos de itens que têm peso significativo no orçamento das famílias, e o principal deles é a energia elétrica, que já foi reajustada em todas as regiões metropolitanas, não só em termos de tarifas, como também na parcela extra, que é a bandeira tarifária. Então, março provavelmente vai ser um mês em que o peso, a pressão dos monitorados sobre a inflação vai ser bastante forte”, concluiu Eulina Nunes.
Impacto do dólar
O instituto analisou ainda que o aumento do dólar, que voltou a ultrapassar o patamar de R$ 3 na manhã desta sexta, “já vem permeando alguns reajustes” no Índice Nacional de Preços aos Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.
“O dólar já se vê em fevereiro permeando alguns reajustes, o impacto do dólar. E como a pressão está muito forte, o dólar vem aumentando, pode ser que isso tenha uma continuidade a depender dos agentes econômicos conseguirem, terem a capacidade de repassar esses aumentos ou não”.
Esgoto, água e ônibus
Outros reajustes que podem impactar a inflação no mês de março, segundo o IBGE, ocorrerá na tarifa de água e esgoto em Recife (8,3%), a partir de 20 de março, Brasília (16,20%), ocorrida no dia primeiro de março, e Goiânia (2,40%), também no dia primeiro.
O reajuste de 10,85%, a partir do dia 22 de fevereiro em Porto Alegre nas tarifas de ônibus urbano, 15,78%, a partir de 6 de fevereiro em Curitiba, 17,85%, a partir de 16 e fevereiro em Goiânia, também podem provocar impacto, segundo Eulina Nunes.
A tarifa de telefone fixo para móvel, contudo, teve redução média de 22% a partir de 24 de fevereiro.
IPCA acumula alta x alimentos
O IPCA ficou em 1,22% em fevereiro, apontou o IBGE, depois de avançar 1,24% em janeiro. Está é maior taxa para meses de fevereiro desde 2003, quando ficou em 1,57%.
“Nos doze meses, a inflação já está em 7,70% e os resultados de março, que já tem como certo os itens monitorados com pressão, vai depender muito dos preços dos alimentos. Como a gente viu no mês de fevereiro, os alimentos desaceleraram, e essa observação que vai levar em conta o resultado do mês”, concluiu.
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