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Agronegócios
Terça - 24 de Março de 2015 às 10:57

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O aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, que passou de 25% para 27%, tem potencial para tornar a safra 2015/16 de cana no Centro-Sul do Brasil ainda mais alcooleira. Isso porque, enquanto ocorriam as discussões a respeito do novo porcentual, o dólar disparou ante o real e pressionou as cotações internacionais do açúcar. "Pela lógica dos fundamentos, a produção de álcool é estimulada pela mistura. A tendência, hoje, é de que a temporada seja mais alcooleira", disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o sócio-diretor da Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.


Até agora, as previsões divulgadas por consultorias especializadas mostram que aproximadamente 57% da oferta de cana será destinada à fabricação do biocombustível no ciclo que começa oficialmente em 1º de abril. A avaliação é de que, com a nova mistura, esse porcentual possa subir um pouco mais e se aproximar dos 60%.

Só neste ano, o dólar acumula valorização de 22% ante a moeda brasileira, ao passo que o açúcar negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) cedeu 14%. Por conta disso, a expectativa é de que as usinas aumentem a produção de etanol, visando a suprir a demanda adicional por anidro, estimada em 1 bilhão de litros.

A mistura de 27% foi decidida pelo Conselho Interministerial de Açúcar e Álcool (Cima) no último dia 4, após meses de negociações com o setor sucroenergético e a indústria automobilística. O Cima é formado pelos ministérios da Agricultura, Fazenda, Desenvolvimento e Minas e Energia e levou em conta testes feitos pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A entidade deve terminar no fim deste mês as averiguações de durabilidade para decidir se a mistura pode passar de 25% para 27% também na gasolina premium.

Mais anidro?

Representantes da cadeia produtiva de açúcar e álcool ouvidas pelo Broadcast relataram que já há novas reuniões agendadas com o governo para se discutir uma mistura ainda maior de anidro na gasolina. A primeira delas será em 8 de abril, com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), para tratar do porcentual de 27,5%, limite da banda vigente.

Já o diretor de um importante sindicato sucroalcooleiro afirmou que há também um encontro agendado para o início de maio com o governo, no qual será discutida a possibilidade de uma mistura de 30%. Conforme a fonte, a ideia dos 30% foi apresentada pela primeira vez em Brasília em janeiro de 2011. "Existe esse pleito, existe essa demanda. Alguns dos testes feitos até agora, inclusive, foram com o porcentual de 30%", complementou um representante do segmento em São Paulo. "Nossa primeira ´´briga´´ será pelos 27,5%, mas vamos discutir os 30% também."

Tal porcentual chegou a ser incluído na carta redigida e assinada pelos governadores dos principais Estados produtores de etanol, no início do mês, em Goiânia (GO). O documento, que enumera medidas de apoio às usinas, defende a mistura de 30%, o que gerou críticas por parte da ministra da Agricultura, Kátia Abreu. "O porcentual de 30% não foi testado, não está em discussão e seria ilegal", escreveu ela em nota enviada ao Broadcast em 6 de março.

De fato, para se chegar aos 30% seria necessário alterar a banda de mistura. Pela lei vigente, o governo pode aplicar um porcentual entre 18% e 27,5% para o anidro misturado à gasolina. A banda consta da Medida Provisória 647, aprovada pelo Congresso em setembro de 2014 e sancionada pela presidente Dilma Rousseff no mesmo mês.

Procurada pela reportagem, a Anfavea disse que só comentará o assunto quando os últimos testes de durabilidade forem concluídos. Já a Casa Civil informou que ainda não está na pauta do governo a mistura de 30%, mas sim a de 27,5%.




Fonte: DO PORTAL DO AGRONEGÓCIO

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