Drone achado na USP envolve alunos e funcionários da FFLCH em mistério
Um drone tem provocado mistério e arrependimento na Universidade de São Paulo (USP). Encontrado na manhã desta terça-feira (24) no gramado do lado de fora de um dos prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), o objeto foi resgatado por uma caloura do curso de letras, que diz ter entregue o equipamento na portaria do prédio, a um segurança. Os objetos perdidos são reunidos no local, cada um com seu protocolo, e no dia seguinte encaminhados ao prédio da administração da faculdade, onde fica a sala de 'achados e perdidos'. Porém, na manhã desta quarta (25), o drone não só não havia chegado ao local, como também não foi encontrado na portaria.
A estudante de letras Olga Roschel, de 20 anos, assistia à aula de Introdução aos Estudos Clássicos nesta terça quando o drone caiu no gramado lateral do prédio, a poucos metros do edifício na Cidade Universitária, Zona Oeste de São Paulo.
"Eu estava na aula e ouvi um barulho, achei que algum galho tinha quebrado e olhei pela janela, vi que algo tinha caído. Eram umas 10h", conta Roschel. Segundo ela, que sentava em uma das carteiras encostadas nas janelas, a queda de um galho de uma das árvores naquela área chamou sua atenção e, segundo depois, ela notou algo branco no gramado. "A grama estava alta, não dava para saber o que era", explicou a estudante. "Quando a aula acabou, às 12h, fui lá ver o que era e me surpreendi com o drone", completou a estudante.
Surpresa
Olga conta que deixou o objeto com um segurança na recepção do prédio e preencheu um papel sobre o objeto. Segundo a estudante, o segurança chegou a cadastrar o objeto perdido como "helicóptero", mas depois incluiu a informação de que era um drone, a pedido da jovem.
Pouco depois, ela publicou em seu perfil no Facebook a foto do equipamento e, desde então, tem ouvido teorias e pistas vagas sobre quem poderia ser o dono do drone, que é fabricado por uma marca chinesa e ganhou popularidade por permitir a instalação fácil de câmeras como a GoPro, para a captura de imagens aéreas.
Um drone, ou quadricóptero, desse tipo, pode custar entre R$ 2,5 mil e mais de R$ 6 mil em sites de compra na internet.
Arrependimento
A surpresa de Olga virou problema um dia depois. "Hoje [quarta] me disseram que levaram para o 'achados e perdidos' do prédio da administração da FFLCH. Eu tenho divulgado ao máximo na internet para que o dono possa encontrar", completou.
Porém, segundo Francisco Teles Alves, chefe da Seção de Vigilância dos Serviços Gerais da FFLCH, nenhum objeto parecido com um drone foi entregue na administração. Na sala 105 do prédio central da faculdade, o único objeto voador no local às 12h era a foto do drone, que Alves imprimiu para encaminhar um relatório à direção.
De acordo com ele, o procedimento de recepção de objetos perdidos é seguido à risca pelos funcionários. O primeiro passo é o preenchimento de um formulário com detalhes sobre o objeto e dados da pessoa que o encontrou. Além desse documento avulso, os seguranças e demais funcionários da FFLCH também mantêm um caderno onde um resumo dos objetos que foram parara lá é incluído todos os dias.
Nas páginas referentes ao dia 24 de março, há anotações, por exemplo, sobre o retorno de um anel turquesa às mãos da dona. Mas nenhum drone ou helicóptero. A folha avulsa onde Olga diz que preencheu seu nome completo e número de matrícula também não estava lá. "Acho que fui muito ingênua", disse ela.
Trinta dias
Francisco e a equipe da Seção de Vigilância mantêm os objetos perdidos em dois armários de metal. O da esquerda é dedicado apenas aos itens que aparecem sem dono nas salas e corredores do curso de letras –o maior da USP, em número de estudantes de graduação.
Mesmo com o grande volume de objetos, ele explica que a maior parte deles não provoca surpresa quando chega lá: guarda-chuvas, cadernos, blusas, livros, ocasionalmente uma carteira com dinheiro e documentos. Nesta quarta, havia também um par de óculos com aro azul, uma jarra de água de tampa rosa-choque e um boné cinza, com detalhes em branco.
Caso o dono, ou dona, do objeto encontrado não apareça para buscá-lo, a FFLCH encaminha o item à adminstração central da universidade, que inicia o procedimento de doação ele.
A maioria dos esquecidos, porém, aparece para procurar o que perdeu pela USP. O dono do drone, porém, ainda não havia entrado em contato com a seção até as 12h desta quarta.
Mistério
Uma das hipóteses é a de que ele já tenha retirado o objeto diretamente na portaria do prédio, apesar de a FFLCH reiterar que mesmo os itens entregues no mesmo dia têm o registro incluído no livro. O segurança de plantão no horário em que Olga entregou o drone está de folga e só retorna ao trabalho na quinta (26), por isso, essa informação ainda não foi confirmada.
Enquanto isso, estudantes da USP especulam, pelas redes sociais, a origem do objeto, e várias delas afirmaram ter visto grupos de pessoas com lanternas buscando alguma coisa pela Cidade Universitária.
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