Copiloto ocultou atestado médico de dispensa de trabalho, diz promotoria Segundo promotores alemães, outros documentos atestavam tratamento. Ele teria escondido doença de empresa e colegas de trabalho.
A promotoria de Düsseldorf informou nesta sexta-feira (27) que Andreas Lubitz, de 28 anos, copiloto apontado como responsável pela queda do avião da Germanwings, tinha um atestado médico de dispensa de trabalho por doença que havia ocultado da companhia, assim como outros documentos que demonstravam que ele estava sob tratamento.
"Documentos com conteúdos médicos que foram apreendidos apontam para uma doença existente e tratamento correspondente por médicos", disse a procuradoria em Duesseldorf, onde o piloto morava e destino do voo que decolou de Barcelona.
"O fato de que existem anotações de doença dizendo que ele não podia trabalhar, entre outras coisas, que foram encontradas rasgadas, que eram recentes e até do dia do crime, reforçam a suposição baseada no exame preliminar que o falecido escondeu sua doença de seus empregadores e seus colegas profissionais", disse a procuradoria.
A promotoria não informou se o atestado médico era relacionado a um problema físico ou mental, mas disse que o copiloto parecia estar em tratamento com o mesmo médico há algum tempo.
Os documentos foram achados em buscas nas casas do piloto em Düsseldorf e Montabaur. Os policiais apreenderam um computador e duas grandes malas, além de uma caixa, visivelmente cheias, após as inspeções nas duas casas do copiloto, em Dusseldorf e em Montabaur, no estado de Renania-Palatinado (oeste da Alemanha).
Fontes da promotoria, entretanto, negaram que tenha sido encontrado uma carta de despedida durante a revista realizada em sua casa.
Mais cedo, o jornal alemão "Bild" informou queLubitz esteve por um ano e meio sob tratamento psiquiátrico antes de completar sua formação. O acidente, que ocorreu na última terça-feira (24), deixou 150 mortos.
De acordo com o jornal, que cita como fontes "círculos da Lufthansa", as razões pelas quais Lubitz interrompeu sua formação em 2009 se deveram a uma grave depressão diagnosticada nesta época.
Com base em fontes e documentos internos da Lufthansa, o "Bild" disse que Lubitz passou no total um ano e meio em tratamento psiquiátrico, e que documentos relevantes serão enviados aos investigadores franceses após serem examinados por autoridades alemãs.
Treinamento interrompido
O "grave episódio depressivo" a que se refere o "Bild" ficou constatado, segundo o jornal, na ata sobre o copiloto do departamento de tráfego aéreo alemão sob o código "SIC", que se refere à necessidade de que sujeito em questão se submeta a "revisões médicas regulares".
O mesmo jornal revelou que o piloto tentou abrir a porta da cabine com um machado ao ficar trancado do lado de fora, antes da queda.
O fato de que o copiloto que causou a catástrofe aérea tenha interrompido durante um período relativamente longo sua formação na escola aérea da Lufthansa foi reconhecido pelo presidente da companhia, Carsten Spohr.
O próprio Spohr evitou, no entanto, especificar a que se deveu esta interrupção, alegando que está sob a prerrogativa da confidencialidade médica.
Lubitz começou sua aprendizagem aos 14 anos em um clube de aviação local e ingressou na escola de Brêmen da Lufthansa em 2007.
Em 2009 interrompeu por alguns meses essa formação, que retomou posteriormente até ingressar na Germanwings, filial de baixo custo da Lufthansa, em 2013.
Spohr reforçou ontem que, tanto ao ingressar na escola como ao retomar e completar sua instrução, Lubitz passou pelos mais rigorosos exames, tanto físicos como mentais.
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