Incerteza sanitária põe em risco exportações de US$ 17 milhões
Congresso foi promovido em Ribeirão Preto/SP, em conjunto com a Fenagra 2015 – Feira Internacional das Graxarias, que atraiu um público de 3 mil pessoas durante dois dias
As exportações brasileiras de pet food para a União Europeia, um total que chegou a US$ 17 milhões em 2014, podem ficar comprometidas em função de restrições à certificação sanitária para fabricação de farinhas de origem animal utilizadas na fabricação de pet food. O alerta foi feito nesta quinta-feira (26), durante o encerramento do XIV Congresso Brasil Rendering, promovido em Ribeirão Preto/SP pelo Sincobesp – Sindicato Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Subprodutos de Origem Animal. “Uma circular do Ministério da Agricultura impede a emissão de certificado sanitário para as farinhas de origem animal usadas na produção de pet food destinadas ao mercado europeu”, informou Lilian Martini, gerente técnica da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação.
Ela participou do painel de encerramento do evento, cujo tema principal foi a discussão sobre a qualidade de farinhas utilizadas em produtos exportados. Lilian salientou que muitas empresas continuam exportando apenas por ter um resto de estoque certificado de farinha classificada na categoria 3, exigida pelos compradores europeus. “Mas os estoques terminam em maio e muitas empresas assumiram compromissos de exportação”. Segundo ela, a certificação sanitária é rigorosa, pois exige, entre outros procedimentos, a construção de um prédio separado para produção de farinhas da categoria 3, que comprovam que não foram empregados animais mortos no processo produtivo.
Além de Lilian, participaram do encontro o presidente do Sincobesp, Gustavo Razzo Neto; o coordenador de assuntos regulatórios e qualidade do Sindirações – Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal, Bruno Caputi e o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Everton Krabbe. O painel foi coordenador pelo zootecnista Cláudio Bellaver, com ampla experiência no assunto. Também foram convidados pela direção do Sincobesp para participar das discussões, representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da ABRA – Associação Brasileira de Reciclagem Animal.
Krabbe fez uma explanação com foco específico na necessidade de toda a cadeia envolvida com a produção e reciclagem de resíduo animal se preocupar efetivamente com qualidade final dos subprodutos. “Temos de lembrar que o Brasil deixou de ter papel secundário no mercado mundial de proteínas. Hoje somos líderes na exportação em vários segmentos”, afirma Krabbe.
O pesquisador entende que o melhor caminho para conseguir essa qualidade necessária à manutenção e ampliação das exportações está na união e na cooperação entre todos os integrantes da cadeia. “Temos de reunir os diversos segmentos e os órgãos governamentais para trabalharmos numa agenda de cooperação”, diz. Para contribuir nessa direção, Krabbe detalhou um plano que está sendo elaborado pela Embrapa em nível nacional. “Entre vários pontos do processo, o plano deve estabelecer normas e procedimentos para o transporte, manuseio, armazenagem e processamento de animais mortos e que não podem ser utilizados na fabricação de farinhas”, explica o pesquisador, informando que o plano deve ser posto em prática ao longo dos próximos três anos, mas com previsão de execução de 80% dos procedimentos nos próximos 12 meses.
Todos os integrantes do painel fizeram questão de manifestar apoio ao plano em elaboração pela Embrapa. “Nós entendemos que se negligenciarmos a questão da qualidade dos subprodutos, e o exemplo maior é o do uso de animais mortos no processo de fabricação de farinhas, podemos afetar a imagem de todo o país”, diz Bruno Caputi, do Sindirações. “Nós, do Sincobesp, trabalhamos nos últimos anos em prol da melhoria constante da qualidade. Com isso, construímos credibilidade no mercado e entendemos que o trabalho da Embrapa para reforçar a qualidade de todo o processo é fundamental para o futuro do setor e do país”, completou Razzo Neto.
FENAGRA 2015 – O XIV Congresso Brasil Rendering foi promovido em conjunto com a Fenagra 2015 – Feira Internacional das Graxarias, encerrada também nesta quinta-feira (26), em Ribeirão Preto, e que reuniu diversos expositores entre fabricantes de máquinas, equipamentos, novas tecnologias e insumos para as indústrias de ração animal, cosméticos, produtos de higiene e limpeza, biodiesel, entre outras. No total, a feira atraiu um público de 3 mil pessoas e movimentou negócios da ordem de R$ 45 milhões.
A FENAGRA 2015 também contou com um evento paralelo, a Expo Pet Food, que reuniu os principais lançamentos e as tendências do setor de nutrição para animal de estimação. Entre os expositores estão fornecedores de rações, equipamentos, embalagens, insumos e demais itens voltados para o segmento.
A FENAGRA 2015 é organizada e promovida pela Editora Stilo. Já o Congresso Brasil Rendering é organizado pelo SINCOBESP e tem o apoio da FIESP - Federação das Indústrias de São Paulo, MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cetesb - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, NRA – National Renderers Association e WRO – World Renderers Organization, ABINPET – Associação Brasileira da Indústria de Animais de Estimação, ABIPECS – Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carnes Suínas, ABISA – Associação Brasileira das Indústrias Saboeiras e Afins, ABPA – Associação Brasileira de Proteínas Animal, ABRA – Associação Brasileira de Reciclagem Animal, CBNA – Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, SINDIRAÇÕES – Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal e do e das entidades internacionais:, ABIEC - Associação Brasileira das industrias de exportação de carnes, Sindifrio -Sindicato da Indústria do frio no estado de São Paulo, Abrafrigo - Associação brasileira dos frigoríficos
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