MATERNIDADE ASSISTIDA
Nova técnica promete implantar embriões sem doenças genéticas no útero materno Procedimento anterior apresentava até 5% de falhas; técnica atual é mais minuciosa e consegue identificar problemas genéticos ou outras mutações não herdadas dos pais
Adiar a maternidade para além da idade padrão recomendada pelos médicos – até 35 anos – é comum. No entanto, conforme os anos passam, a probabilidade de ter um filho com algum problema genético aumenta.
A medicina, então, procurou meios de conseguir informações mais precisas do embrião para que pudesse afastar as possibilidades de alterações genéticas e escolher justamente aquele mais saudável para implantar no útero da mãe, quando ela tem dificuldade para engravidar.
Em palestra no 1º Workshop Internacional de Genética Reprodutiva, Ciro Martinhago, geneticista do Hospital Albert Einstein e da Chromossome Medicina Genética, explica o que é a nova técnica que provavelmente entrará em vigor comercialmente ainda em 2015.
Na técnica antiga, pelo fato de o embrião ter poucas cópias do DNA, os cientistas precisavam criar várias cópias do material genético para poder fazer o sequenciamento. Por causa do procedimento, porém, muitos erros aconteciam e o resultado final não era fiel à realidade.
“O embrião tem no máximo 10 cópias, e não milhões. Era preciso pegar esse DNA e replicar milhares de vezes para poder fazer a análise”, conta ele.
“Essa análise podia ter de 1% a 5% de erros. Quando se erra uma vez e vai se sequenciar o que saiu errado, criam-se clones desses erros”, conta. No adulto, esclarece o médico, o sequenciamento é mais fácil, já que se pega milhões de cópias.
Mutação aleatória
A medicina genética hoje, no entanto, já tem insumos que conseguem fazer com que o erro seja o menor possível. “Começamos a conseguir sequenciar o genoma do embrião de uma forma mais fiel”, diz Martinhago. Essa técnica, segundo Ciro, permite que os erros fiquem perto de zero, tornando os resultados da fertilização muito mais seguros.
Martinhago explica que uma a cada 20 pessoas recebe uma mutação no genoma que o pai e a mãe não tinham. “Essa mutação é aleatória, em qualquer região do genoma. Se ela cai dentro de um gene importante, a pessoa vai ter a doença e 50% de chance de transmitir ao filho, mas não herdou dos pais”, detalha.
E é isso que a genética vai conseguir evitar nos embriões que serão implantados no útero materno. Eles serão analisados com menos erros e os com algum problema genético não serão implantados.
Hoje, a ciência já começa a driblar esses problemas por meio de químicas melhores. “Abre-se a possibilidade para ainda em 2015 sequenciar todo o genoma dos embriões, principalmente a região dos genes, que é de 3% a 4% de todo o nosso DNA”, diz, ressaltando que a ciência ainda não sabe nada sobre as regiões restantes, que já foram inclusive chamadas de “lixo genético”.
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