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Nacional
Terça - 07 de Abril de 2015 às 08:16

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Quatro dias após a queda de um helicóptero em um condomínio de Carapicuíba, na Grande São Paulo, moradores ainda reclamam do cheiro forte de querosene próximo ao local do acidente. O tanque de combustível da aeronave caiu no quintal de uma casa e houve vazamento. Cinco pessoas morreram no acidente, entre elas o filho caçula do governador de São Paulo Geraldo Alckmin, Thomaz Alckmin.


A preocupação de quem mora no condomínio é com o risco de explosão e contaminação do solo. "Aqui atrás tem uma área verde, um lago, isso pode ter contaminado o lençol freático. A gente nem sabe qual é o comprometimento do meu terreno", disse a intérprete Maura Fuchs, que teve a casa e o quintal danificados pelo helicóptero.

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) vai mandar técnicos para vistoriar o local após a queixa de uma moradora, segundo informou o SPTV. As partes da aeronave foram levadas a um hangar da Aeronáutica, no Campo de Marte, onde fica a unidade regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Faxina e reforma
A aeronave atingiu três casas na tarde de quinta-feira (2). Nesta segunda (6), equipes de limpeza contratadas pela dona do helicóptero fizeram uma faxina nas residências. Eles tiraram entulho e partes pequenas da aeronave.

Em um terreno, partes do helicóptero danificaram um anexo em construção. Os moradores ainda não sabem se vão continuar no local após a Defesa Civil constatar que houve abalo na estrutura. "Eu estou realmente preocupada. Eu não sei nada, nem se a gente vai continuar aqui", afirmou Lídia Sakuramoto, dona do imóvel.

Já na casa do intérprete Maura Fuchs, o estrago foi maior e a família não tem prazo para voltar a morar ao local. O rotor principal da aeronave caiu no banheiro de um dos quartos e quebrou a tubulação de água e telhado do imóvel. A Seripatri, dona da aeronave, disse que ofereceu um hotel em Barueri até que a reforma seja feita.

A empresa afirmou que tem dado assistência aos moradores desde o dia do acidente e que vai pagar pelos danos causados nos imóveis. A Seripatri não informou previsão para as reformas e os valores que estão sendo negociados com as famílias.

Troca de peças
O conjunto de pás do rotor principal do helicóptero passou por uma inspeção de rotina, mas não foi substituído, segundo informou a Helibrás ao G1. A empresa é representante no Brasil da Eurocopter, fabricante aeronave, e é a única autorizada a fazer o serviço de vistoria na América do Sul de produtos da marca.

Duas pás foram encontradas próximas ao local da queda. Um vídeo que mostra a aeronave segundos antes de atingir o solo foi analisada pelo perito Ricardo Molina. Segundo ele, tudo indica que uma peça vista das imagens seja uma das pás do rotor do helicóptero, conjunto que popularmente conhecido como hélice. "Após analisar o vídeo quadro a quadro, posso dizer que uma peça se solta do helicóptero antes da queda”, disse Molina.

De acordo com a Helibrás, as cinco pás foram retiradas da aeronave e passaram por inspeção de rotina, como descrito nos manuais do fabricante. O procedimento, segundo apurou o G1, foi classificado como simples por não afetar as áreas críticas e estruturais das pás.

Após vistoria, o conjunto de pás foi entregue novamente à proprietária da aeronave, a Seripatri, com um relatório sobre a inspeção. A Helibrás nega, no entanto, que tenha feito a reinstalação das pás.

O serviço, segundo a Seripatri, foi feito por uma oficina do Helipark - de onde partiu o helicóptero -, que é credenciada pela Helibrás e homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As empresas não informaram a data de inspeção e reinstalação das pás, mas a dona da aeronave confirmou que o acidente ocorreu durante um voo teste e de balanceamento após a colocação das peças.

A Seripatri afirmou ainda que a aeronave tinha cerca de quatro anos de uso, com 600 horas de voo e manutenção rigorosa feita em oficinas homologadas pela Anac.

Investigação policial
A Polícia Civil quer ouvir pelo menos 20 pessoas, entre elas os responsáveis pela inspeção nas pás. Os investigadores do 1º Distrito Policial querem saber se a aeronave da empresa Seripatri caiu por causa de falha mecânica ou humana, ou ainda a conjunção dessas duas possibilidades na queda da aeronave na quinta-feira (2).

A investigação pretende ouvir funcionários que trabalharam na manutenção e os donos da aeronave, do tipo Eurocopter, EC-155 B1, que é fabricado por um consórcio europeu. Especialistas o consideram um dos melhores e mais seguros helicópteros de transporte de passageiros.





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