Produção de veículos cai 7% em março ante 2014, aponta Anfavea
A produção de automóveis, ônibus e caminhões no Brasil registrou queda de 7% em março, apontou a associação das fabricantes (Anfavea) nesta terça-feira (7). No período, foram produzidas 253,6 mil unidades, frente a 272,8 mil no mesmo mês de 2014.
Em comparação a fevereiro, quando a indústria teve 206,3 mil veículos produzidos, houve crescimento de 22,9%. "Mas é preciso lembrar que, em fevereiro, houve menos dias úteis por causa do carnaval", observou o presidente da Anfavea, Luiz Moan.
Trimestre 'extremamente ruim'
De janeiro a março, o setor produziu 663,10 mil veículos, o que representa baixa de 16,2% no acumulado, ao comparar com o mesmo período de 2014, que chegou a 791,67 mil veículos. "Foi extremamente ruim", resumiu Moan.
As vendas caíram 17% no primeiro trimestre, em conformidade com o que foi divulgado pela federação dos concessionários, a Fenabrave, no último dia 1º.
Previsões mais pessimistas para o ano
Com o desempenho abaixo do esperado, a Anfavea reviu as previsões para o ano. Em janeiro passado, a entidade estimou alta de 4,1% na produção, com 3,276 milhões de unidades, e vendas estáveis em 2015.
No entanto, as novas estimativas da associação são de recuo de 10% na produção total, sendo 9,3% de baixa para carros, e 22,5% no setor de caminhões e ônibus.
Em relação às vendas, é prevista queda de é de 13,2% no total, com 12,3% em carros e 31,5%, no caso de caminhões e ônibus.
"O 2º trimestre será difícil, menos que o 1º, mas há uma incidência de feriados", destacou Moan, lembrando que só o mês de abril tem dois feriados prolongados (Páscoa e 21 de Abril). "Não será tão difícil como o 1º, mas também não será fácil."
Carros usados
Após alertar, em fevereiro passado, que as vendas de carros usados também estavam em baixa, a Anfavea informou que, juntando com os números de março, elas tiveram alta de 1,3% para automóveis e 7% para comerciais leves (SUVs, picapes e furgões).
Caminhões no vermelho
Apenas os caminhões usados tiveram recuo no período, de 4%, na comparação com o 1º trimestre de 2014. "Precisamos lembrar que o caminhão usado, muitas vezes, serve como entrada para o novo", associou Moan.
As vendas de caminhões zero quilômetro têm baixa ainda mais acentuada que as de carros. Segundo a Anfavea, 7.374 unidades foram produzidas em março, 46,7% a menos que no mesmo mês de 2014, quando 13.844 caminhões foram fabricados.
No 1º trimestre, a queda foi ainda maior, de 49,3%, com 21.696 caminhões fabricados de janeiro a março contra 42.794 unidades no mesmo período de 2014.
As vendas também nos primeiros 3 meses do ano caíram 36,6%. "Caíram em todos os (sub)segmentos. No de (caminhões) pesados, a queda foi de 60%", comentou Luiz Carlos de Moraes, vice-presidente da Anfavea. "Estamos observando um adiamento das compras."
Exportações
A Anfavea manteve as expectativas sobre as exportações divulgadas no início do ano: alta de 1,1%. Em março, as vendas de veículos para fora do Brasil cresceram 2,4% na comparação anual. No 1º trimestre, foram 6,3% maiores.
Em valores, foram US$ 908,1 milhões em março, montante 6,7% inferior ao de 1 ano atrás. De janeiro a março, as exportações somaram US$ 2,4 bilhões, queda de 16,8% sobre o 1º trimestre de 2014.
Empregos
Somando 140.851 pessoas, o número de trabalhadores na indústria automobilística, incluindo as fábricas de máquinas agrícolas, caiu 1% em 1 mês e 9,4% na comparação com março de 2014, informou a Anfavea.
Ao lembrar que, com a produção em baixa, as empresas continuam lançando mão de medidas como suspensão temporária de contratos ("lay-off") e férias coletivas, Moan disse que é necessária a criação de um "plano adicional de proteção ao emprego", com medidas alternativas para períodos de crise. "Vamos lembrar que crises são cíclicas", afirmou.
Testes com a nova gasolina
A Anfavea diz que já terminou os testes de durabilidade dos motores a gasolina com o percentual de etanol aumentado e enviou o relatório ao grupo de trabalho interministerial, que fará análise e tirará conclusões. O grupo deveria se reunir nesta terça-feira, mas o encontro foi adiado. "Aceitamos o desafio e fizemos os testes de forma acelerada, isto quer dizer que dividimos entre as montadoras", disse Moan.
Enquanto não há conclusão sobre os testes, a gasolina premium segue como a única que não sofreu aumento no percentual de etanol na mistura. A Anfavea pediu que o governo deixasse um tipo de gasolina inalterado enquanto avaliava se a nova mistura poderia afetar a durabilidade dos motores movidos apenas a gasolina, sobretudo no caso de carros antigos.
Na gasolina comum e na aditivada, o percentual de etanol passou de 25% para 27% no último dia 16.
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