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Internacional
Quinta - 09 de Abril de 2015 às 17:21

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A Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, removeu uma estátua do imperialista britânico Cecil Rhodes nesta quinta-feira (9) sob os aplausos dos estudantes, um gesto simbólico que expõe a divisão racial persistente no país duas décadas após o fim do apartheid.

A estátua da universidade, uma das maiores instituições acadêmicas da África, passou as últimas semanas coberta, e tanto alunos negros quanto brancos fizeram passeatas frequentes portando cartazes com os dizeres #Rhodesdevecair para pedir sua remoção.

Eles acreditam se tratar de um ícone do racismo contra os negros que prevalece na nação. Manchada de pichações, ela foi retirada de sua plataforma de granito com um guindaste diante de milhares de estudantes entusiasmados.

“Isto representa um bom passo em nome da transformação, e mostra que se algo estiver errado você realmente tem poder para mudá-lo”, disse Tinashe Sibeko, estudante de política de 18 anos, à Reuters.

Estudantes comemoram enquanto estátua de Cecil Rhodes é removida por guindaste da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul (Foto: REUTERS/Sumaya Hisham)Estudantes comemoram enquanto estátua de Cecil Rhodes é removida por guindaste da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul (Foto: REUTERS/Sumaya Hisham)

“Para a mentalidade negra em geral, [a remoção] mostra que você não tem que simplesmente aceitar o estado das coisas, você pode transformar e mudar as coisas para melhor”, acrescentou.

Reações Semelhantes
As manifestações despertaram reações semelhantes em outros locais. Uma estátua de Louis Botha, herói de guerra africâner e ex-primeiro-ministro da União da África do Sul, instalada do lado de fora do Parlamento foi vandalizada com tinta.

As ações desencadearam um revide de ativistas brancos, que argumentam que elas mascaram o racismo contra a minoria branca que, segundo eles, leva a culpa pelos fracassos do partido governista de maioria negra, o Congresso Nacional Africano (CNA), no poder desde 1994.

“Isto é racismo disfarçado”, afirmou Ernst Roets, vice-executivo-chefe do grupo de direitos civis de maioria africâner AfriForum.

“Estou convencido de que as lágrimas que supostamente foram derramados em resultado da ‘dor’ que esta estátua está causando é uma tentativa maliciosa de esconder uma postura racista resultante dos dois pesos e duas medidas da África do Sul pós-1994.”

Promessas a cumprir
O fim do apartheid deveria ser um período de reconciliação pacífica e perdão, incorporados na visão do falecido líder Nelson Mandela de uma “Nação Arco-Íris” unificada.

A África do Sul fez progressos significativos na ampla disponibilização de moradia e serviços básicos desde então, mas milhões de pessoas da maioria negra ainda vivem em favelas, muitas vezes vizinhas de subúrbios de alto nível dominados por brancos.

Com um quarto da população desempregada, taxa que chega a 60% entre os jovens, muitos argumentam que o CNA não cumpriu suas promessas de aliviar a pobreza e redistribuir a riqueza.

“Ainda operamos nas condições sócio-econômicas desiguais e preconceituosas geralmente atribuídas ao passado”, declarou o analista político Greg Nicolson em uma coluna no "Daily Maverick", jornal político online de destaque.

“Os legados específicos... (daqueles cujas estátuas foram visadas) são em sua maior parte insignificantes. As estátuas são símbolos de tudo que falta fazer, da transformação real.”

Até agora o CNA evitou se posicionar enfaticamente a respeito das manifestações, reiterando que todas as culturas devem ser respeitadas em uma África do Sul unificada.





Fonte: Da Reuters

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