Turquia classifica de infundadas declarações do papa sobre genocídio de armênios
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, considerou hoje "infundadas" e "longe da realidade histórica" as declarações do papa Francisco, que classificou de "genocídio" o massacre dos armênios pelas forças otomanas durante a 1ª Guerra Mundial.
"A declaração do papa, que está longe da realidade jurídica e histórica, não pode ser aceita", afirmou Cavusoglu, numa mensagem na rede social Twitter.
"As autoridades religiosas não são para incitar ressentimento e ódio com alegações infundadas", acrescentou o governante turco.
O papa Francisco utilizou hoje (12) a palavra “genocídio” para falar do massacre dos armênios há 100 anos.
“No século passado, a humanidade passou por três tragédias sem precedentes. A primeira, que foi largamente considerada como ‘o primeiro genocídio do século 20, atingiu o povo armênio”, declarou Francisco numa missa na Basílica de São Pedro, em Roma, durante a qual citou um documento assinado em 2000 pelo papa João Paulo II e pelo patriarca armênio.
“As duas outras [tragédias humanas] foram praticadas pelo nazismo e pelo estalinismo. E mais recentemente [houve] outros extermínios de massa, como no Camboja, em Ruanda, Burundi ou na Bósnia”, acrescentou, citado pelas agências internacionais de notícias.
As declarações do papa foram feitas na abertura de uma missa em memória dos armênios massacrados entre 1915 e 1917, concelebrada com o patriarca armênio e na presença do Presidente da Armênia, Serzh Sargsyan.
Segundo a agência France Presse, mesmo que o papa João Paulo II tenha usado o termo “genocídio” no documento assinado em 2000 com o patriarca armênio, trata-se da primeira vez que um papa o utiliza publicamente ao falar do massacre dos armênios no início do século passado.
A Armênia estima que 1,5 milhões de armênios tenham sido mortos entre 1915 e 1917, no final do império otomano, com vários historiadores e muitos países tendo reconhecido o genocídio.
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