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Internacional
Terça - 14 de Abril de 2015 às 16:39

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O Edifício Hilton Santos, no Flamengo, na Zona Sul do Rio, foi desocupado nesta terça-feira (14), por volta das 10h. Os invasores aceitaram a proposta de deixar o prédio e começavam a sair espontaneamente, quando a polícia constatou que foram incendiados colchões no interior do imóvel. Em seguida, teve início tumulto e correria. Três pessoas — dois envolvidos no tumulto com a polícia e um policial denunciado por usar spray de pimenta perto de uma criança — foram encaminhados para a delegacia.


Bombeiros entraram no imóvel para apagar as chamas, com o apoio de homens do Batalhão de Choque. Às 10h20, havia muita fumaça do lado de fora e correria do lado de fora. Duas pessoas foram detidas — uma mulher e um homem, que, de acordo com a polícia, atirou pedras na direção de agentes. Às 10h33, segundo informações da Globonews, não havia mais ocupantes do edifício. Ainda era a grande a concentração de pessoas na frente do edifício, porém. Os detidos foram encaminhados para a 10ª DP (Botafogo).

Onze pessoas ficaram feridas e foram atendidas sem gravidade pelos bombeiros após a desocupação. Quatro delas foram encaminhadas ao Hospital Municipal Miguel Couto e sete foram encaminhadas ao Hospital Municipal Souza Aguiar.

Além disso, um homem que levava um bebê no colo quando saía do prédio, acusa policiais militares de usarem spray de pimenta perto do menino. "Eles esfregaram [o spray] na minha cara e na face do meu filho. Ele foi reconhecido e eu quero saber o que eu posso fazer. A única coisa que eu sei é que meu filho está entre a vida e a morte porque foi forçado, não foi um parto natural. Eu sou trabalhador e honro o que eu faço. Meu nome é Carlos Alessandro", afirmou. O policial envolvido no caso também foi para a 10ª DP para que a denúncia fosse apurada.

A Prefeitura do Rio informou que disponibilizou 130 vagas para os invasores num abrigo em Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade. A Justiça determinou a reintegração do imóvel, que já foi sede do Clube de Regatas do Flamengo, foi arrendado pelo Grupo EBX, de Eike Batista. Beirando o abandono, o local foi ocupado há uma semana.

Durante a madrugada desta terça, cinco viaturas da Polícia Militar acompanharam a movimentação no local. Quem saia do prédio é impedido de retornar. Segundo moradores, uma mulher deu à luz nesta madrugada dentro do prédio. Segundo os ocupantes, Fernanda da Silva Pessoa estava grávida de seis meses e teve o bebê dentro do prédio ocupado. Ela foi levada para o Hospital Miguel Couto e de acordo com o pai do bebê, apesar de ter nascido prematura, a criança passa bem.

A moradora Celia Regina Cesário, de 58 anos, afirmou que vai voltar para a rua e espera receber auxílio das autoridades. "Vamos voltar para a rua de novo. Para que casa que a gente vai? Isso aqui é do Flamengo, eles não tem que me dar nada. Quem tem que me dar são os governantes. Eu votei neles, então eles tem que olhar por nós. Votei no Paes, Pezao e Dilma", disse.

A Defensoria Pública tenta intervir na ação. Nesta madrugada, os defensores tentaram entrar com uma medida cautelar no plantão noturno para tentar suspender a decisão do juiz da 36ª Vara Cível, que determinou a reintegração de posse do edifício.

"A Defensoria entende que é uma situação muito grave, com três bebês, 15, 20 crianças no imóvel", afirmou o defensor público Rodrigo Pacheco. Nesta manhã, eles vão entrar com um pedido de agravo de instrumento para tentar suspender a reintegração. Segundo a Defensoria Pública, cerca de 300 pessoas ocupam o imóvel.

A reintegração foi determinada na quinta-feira (9) após pedido de liminar feito pelo Clube de Regatas Flamengo, ex-dono do prédio, e da empresa Rex Hotel I, ligada ao grupo EBX, do empresário Eike Batista.

"O problema é nitidamente social, mas não se pode preterir o direito de propriedade em função de uma coletividade que deveria estar assistida pelo Estado, exercendo sua cidadania com dignidade, razão pela qual positivado o esbulho, acolho o pedido liminar. Isto posto, defiro a medida e determino a expedição de mandado de reintegração de posse, a ser cumprido com urgência, pelo Sr. Oficial de Justiça, com auxílio de força policial, e da guarda municipal, se necessário for", afirmou a juíza Martha Elizabeth Falcão Sobreira.

De acordo com o coordenador do Núcleo de Terras e Habitação da Defensoria, João Helvécio, no prédio estão cerca de 260 pessoas, entre elas, 80 crianças. Na semana passada, a informação era de que o prédio tinha sido ocupado por cerca de 100 pessoas.

O grupo que ocupou o local já foi retirado de um outro prédio, na Via Binário e que pertencia a Cedae, continua reivindicando moradia. No prédio, os invasores exibem cartazes pedindo "socorro" ao prefeito Eduardo Paes e clamam por habitação para os filhos dos invasores. A reportagem do G1 esteve no prédio e constatou que simpatizantes faziam entrega de donativos ao grupo.

Após a invasão, a Associação de Condomínios do Morro da Viúva (Amov), divulgou uma nota informando que a invasão não foi uma surpresa. Segundo eles, desde o segundo semestre do ano passado a entidade vem alertando as autoridades sobre o abandono e total degradação do edifício, mas muito pouco foi feito. A associação também disse que a PM foi avisada e que chegou a organizar uma vistoria no prédio onde foi constatado o abandono.

Para a ação de reintegração de posse, segundo o Centro de Operações Rio, o tráfego foi fechado na Avenida Ruy Barbosa, na altura da Enseada de Botafogo. Por volta das 9h, havia retenções no Aterro do Flamengo (sentido Centro), ao longo da Rua Senador Vergueiro, ao longo da Avenida Oswaldo Cruz, na Avenida das Nações Unidas (na Enseada de Botafogo), sentido Centro; ao longo da Praia de Botafogo (sentido Centro), no Viaduto Santiago Dantas e na Rua Pinheiro Machado (sentido Túnel Santa Bárbara). O desvio de trânsito é feito pelo Aterro do Flamengo e Praça Nicarágua.




Fonte: G1

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