Em Aripuanã (MT), alta da arroba do boi aquece vendas de bezerros
Com um rebanho de cerca de 430 mil cabeças, no município deAripuanã(MT), onde predomina a pecuária de cria, cerca de 95% dos bezerros produzidos são vendidos para outras regiões de Mato Grosso, segundo o presidente do Sindicato Rural, Aparecido Piola. A valorização do bezerro, as dificuldades de logística e frigoríficos distantes são alguns dos motivos que levaram os pecuaristas do município a investir na produção de cria.
O frigorífico mais perto fica em Juína, e, para chegar lá, é preciso percorrer 200 quilômetros de estrada de chão. "Fica inviável, isso faz com que o rebanho seja recriado fora daqui", diz Piola. "As condições da estrada atrapalham bastante, porque trazem perdas, e mesmo transportando a cria sempre morrem bezerros durante o transporte."
Há cinco anos no município, o paulista Márcio Renato Costa tem uma fazenda em que 100 hectares são de pasto. O pecuarista vende bezerros para a região Oeste de Mato Grosso, como São José dos Quatro Marcos, Mirassol d“Oeste, Pontes e Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade. Na opinião dele, a venda de bezerros para essa região ocorre porque na região Noroeste, onde fica Aripuanã, o número de matrizes é maior - são aproximadamente 180 mil matrizes - e pela proximidade da região Oeste com a capital, onde se paga mais pela arroba do boi gordo. "Trabalham mais com engorda, porque a arroba é de R$ 10 a R$ 15 mais valorizada", afirma Costa.
Cada bezerro com oito meses de idade e 180 quilos na desmama produzido por ele sai de R$ 1 mil a R$1,1 mil, dependendo da qualidade e da distância da fazenda que faz a compra. Ele mantém 250 matrizes na propriedade, mas como comercializa bezerros de outros pecuaristas da região, no ano passado vendeu 6 mil bezerros, sendo 4 mil machos e 2 mil fêmeas.
Desse volume, 500 fêmeas foram vendidas para o estado de São Paulo a R$ 700 por cabeça. "A fêmea tem mais mercado para lá porque o preço é bem menor que o macho e o imposto acaba sendo menor também", comenta Costa. Segundo o presidente do Sindicato Rural, o mercado de venda de fêmeas para engorda para São Paulo se intensificou há três anos.
Wagner Soares da Costa mora em Figueirópolis d“Oeste, na região Oeste do estado, e trabalha como comprador de bezerros na região de Aripuanã para vender em sua região. "Venho por causa da qualidade do gado daqui. A região de Mirassol d“Oeste, Figueirópolis d“Oeste, Pontes e Lacerda e São José dos Quatro Marcos é uma bacia leiteira e de engorda de gado, não tem cria. E aqui, devido à genética dos touros, o gado engorda mais rápido, chega a 18, 20 arrobas a pasto", diz.
Em 2014, ele comercializou 12 mil bezerros e para este ano a expectativa é chegar a 15 mil. Até a primeira semana de abril, ele já negociou 5 mil bezerros a preços que variam entre R$ 1,05 mil e R$ 1,1 mil a cabeça do macho. Neste mesmo período no ano passado, o bezerro era vendido de R$ 800 a R$ 900. "Em 2015 aumentou o preço por causa da arroba do boi gordo, a demanda é maior por machos", conta. Ele menciona que a arroba do boi gordo na região está em torno de R$ 128.
O comprador analisa que, mesmo com a distância entre as duas regiões, o custo compensa, já que os pecuaristas pagam R$ 100 pelo deslocamento de cada bezerro.
Para o pecuarista de Aripuanã, Nilson Antônio da Silva, as vendas de bezerros também estão aquecidas nestes primeiros quatro meses do ano. Até a primeira semana de abril, já vendeu 800 animais entre produção própria e de terceiros, o que representa metade do que foi comercializado em todo o ano passado, volume que chegou a 1,6 mil bezerros.
Ele também observou a reação nos preços pagos pelo bezerro em um ano. O bezerro macho, que está sendo vendido a R$ 1,05 mil por cabeça atualmente, era vendido de R$ 650 a R$ 700, e a fêmea que custa de R$ 700 a R$ 750 hoje, era vendida a R$ 450 no ano passado.
O criador enfatiza que toca o negócio com foco na melhoria da qualidade dos animais. "Invisto em touros que compro em leilões, dou proteinado na desmama do bezerro", exemplifica.
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