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Nacional
Sexta - 17 de Abril de 2015 às 21:24

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O provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Kalil Rocha Abdalla, pediu renúncia ao cargo na tarde desta quinta-feira (16). Abdalla estava afastado desde dezembro de 2014 e é alvo de investigação do Ministério Público.


Em nota, a Santa Casa revela que o vice-provedor da instituição, Ruy Altenfelder, que ocupa a função interinamente, assumirá o cargo e deverá convocar novas eleições em até 60 dias. A irmandade ainda afirma que "o atendimento à população não será afetado durante o período de transição."

Nesta quarta (15), a Justiça quebrou os sigilos bancário, fiscal e dos cartões de crédito de Kalil Abdalah, da mulher, do filho e de mais 19 pessoas físicas e jurídicas ligadas à direção da instituição.

A Justiça atendeu ao pedido da Promotoria de Justiça da Saúde Pública que investiga o endividamento da instituição. A Santa Casa recebeu - em cinco anos - cerca de R$ 1,8 bilhão em verbas públicas. Ainda assim teve um prejuízo milionário.

Todos os envolvidos estiveram ligados à direção da Santa Casa entre 2009 e 2014, período em que, segundo uma auditoria feita no ano passado, o hospital teve prejuízo de mais de R$ 400 milhões.

Nesse período, segundo Ministério Público, a Santa Casa recebeu verbas federais e estaduais no valor de cerca de R$ 1.849.165.366. O provedor afastado, Kalil Rocha Abdalah, informou que nem ele e nem a família receberam qualquer notificação referente à quebra dos sigilos. E que permanece à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e colaborar com as investigações.

Paulo Sérgio Santo André, advogado do ex-superintendente Antonio Carlos Forte e também do ex-tesoureiro Hercílio Ramos, disse que seus clientes estão à disposição do Ministério Público e que eles têm empresas constituídas, mas nunca intermediaram negócios com o hospital.

De acordo com o Ministério Público, durante a gestão deles, a Santa Casa recebeu até quase três vezes mais que a tabela SUS, mas gastou com pacientes menos do que recebeu. Os promotores querem saber para onde foi o dinheiro. As investigações levantam suspeitas sobre contratos da Santa Casa firmado com empresas para fornecimento de remédios e produtos hospitalares, por exemplo.

O Ministério Público aponta que funcionários da Santa Casa criavam empresas de consultoria que ofereciam novas oportunidades de negócios e ficavam responsáveis pela intermediação dos contatos com o hospital. As empresas que pretendiam fornecer serviços para a Santa Casa pagavam cerca de R$ 50 mil por mês pela consultoria. Em outros casos, a própria empresa que fornecia serviços era de funcionários do hospital.

Além dos fortes indícios de tráfico de influência, a apuração do MP indica nepotismo. Segundo os promotores, durante a gestão de Kalil Rocha Abdalah, a Santa Casa funcionava aparentemente como uma empresa familiar.

Os promotores revelam que, ao assumir a provedoria em 2008, Kalil suprimiu o cargo de procurador jurídico e contratou como assessor jurídico o filho, que na época não tinha registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Pelo menos outros cinco parentes ligados a altos cargos da Santa Casa foram contratados.

A promotoria estranha também o fato do ex-provedor não receber salário para ocupar o cargo, mas ostentar alto padrão de vida, como uma casa no Jardim Europa e também ter comprado propriedades em Campos do Jordão entre 2007 e 2009.

Crise financeira
A auditoria independente foi encomendada pela Secretaria Estadual da Saúde e apontou má gestão da Santa Casa. Dentre as irregularidades, o relatório indica a compra de materiais superfaturados, pagamento de super salários e fraudes em contratações de serviços.

Havia situação irregular até na lavanderia. O preço contratado foi de menos de R$ 2 o quilo de roupa lavada, mas o valor praticado é de R$ 3. A instituição perdia R$ 2,6 milhões por ano somente nesse contrato.

A maior dívida é com a folha de pagamento dos funcionários, estimada em R$ 114 milhões. A Santa Casa tem 11 mil empregados e administra quatro hospitais próprios e 27 unidades de saúde da capital e de Guarulhos. Em 2º lugar, estava dívida com fornecedores: R$ 104 milhões.





Fonte: G1

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