A tia da adolescente, Elizabeth da Silva, que foi até o IML de Santos para buscar o corpo da sobrinha, disse que a família não tinha conhecimento da relação entre a jovem e a madrasta. O diário foi encontrado na noite do crime, quando uma criança começou a mexer no quarto. “Depois de tudo acontecer que a agenda apareceu, quando a irmã menor da Jaciene mexeu no guarda-roupa. Foi a única coisa dela que sobrou em Uberlândia”, revelou a tia.
Em entrevista ao G1, Elizabeth não soube dizer qual seria o motivo que fez com que a adolescente, mesmo enfrentando problemas com a madrasta, continuasse morando com ela, mas desconfia que a jovem tenha sido enganada e, depois, ameaçada. “Minha sobrinha foi para lá no dia 15 de maio. A madrasta falou que o pai dela estava lá quando, na verdade, ele estava preso. Ela foi para o aniversário do irmão e não voltou. Não sabemos o por quê de ela ter continuado morando lá, mas possivelmente foi iludida e depois ameaçada”, comentou.
A tia de Jaciene revelou ainda que os parentes da vítima chegaram a procurar o Conselho Tutelar para tentar trazê-la de volta. No entanto, como eles não tinham o endereço da jovem, o problema não foi resolvido. “Em momento nenhum ela deixou endereço e sem ele não tinha como o Conselho Tutelar nos ajudar. O telefone dela também não funcionava lá”, revelou.
O operador de máquina e amigo da família, Vanderlei Correa de Barros, afirmou que a vítima conviveu com ele e com os filhos durante muito tempo. Ele ainda que espera a resolução do caso. “Ela conviveu muito com nossa família, viajava junto com a gente. Agora vamos ver se tudo se resolve. Essa situação dela com a madrasta é muito complicada”, lamentou.
O caso
O crime aconteceu na manhã de sábado na casa da vítima. Segundo a madrasta, assaltantes invadiram a casa e mataram a jovem. Porém, a polícia não acredita nessa versão. “Não há indícios de que seja um roubo porque a maneira que ela foi brutalizada indica vingança, um estado emocional muito alterado. Ela levou várias facadas, fio de ferro amarrado no pescoço. A situação em que o corpo foi encontrado denota que houve um estado emocional muito alterado de quem cometeu o crime”, disse o delegado Juvenal Marques Ferreira Filho.
De acordo com a polícia, a madrasta é a principal suspeita e está presa na cadeia feminina, anexa ao 2º DP de São Vicente. A perícia apreendeu a faca usada no crime, que já havia sido lavada e roupas sujas de sangue guardadas no armário da casa.
A tia da adolescente, Elizabeth da Silva, foi até o IML de Santos para buscar o corpo da sobrinha. A família, que mora em Uberlândia, está inconformada com o que aconteceu e quer justiça. "Eu só sei que eu quero justiça. Quem fez isso com a minha sobrinha? Tem que ter justiça para isso, a pessoa tem que pagar. A gente está sem saber o que aconteceu. A gente tem que correr atrás e a investigação vai descobrir o que realmente aconteceu", disse a tia.
A menina foi para São Vicente à pedido da madrasta para ajudar a cuidar dos dois irmãos. De acordo com informações de amigos da jovem, o pai de Jaciene está preso há seis meses. Ainda segundo amigos, a adolescente iria somente para um aniversário, mas ficou na cidade e largou o emprego e a escola em Uberlândia.
Nesta segunda-feira (17) será apresentado à polícia o laudo do IML sobre os ferimentos sofridos pela jovem. As informações podem confirmar se a madrasta tem relação com o assassinato.
Relacionamento com a madrasta
No diário encontrado em um guarda-roupa na casa da menina na cidade mineira, Jaciene Ianca Faria dos Santos, de 16 anos, fala sobre o relacionamento com a madrasta. “Eu não sei, mas acho que Luciana, desde o primeiro dia que ela me viu, nunca gostou de mim e nunca vai gostar, por isso que eu odeio ter madrasta, mas fazer o que, quem escolheu foi meu pai.
Mesmo assim eu amo ele. Mas a Luciana não dá, parece que ela quer me matar ou me xingar, mas como ela é, ela só quer fazer tudo para o meu pai. Ela quer ele só para ela.” Em outro trecho, ela pede para que, se ela morrer, o diário seja entregue ao pai dela como lembrança. As anotações foram feitas antes da jovem morar com a suspeita, quando ela apenas vinha ao litoral para passar as férias ao lado do pai.
A polícia não teve acesso ao diário da jovem, já que a tia levou o caderno de volta para Minas Gerais.
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