Sangue latino: Galo triunfa com “biziu” de Guilherme e bandeirinha fantasma
“Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos, meu sangue latino, minha alma cativa.” O sangue latino corre nas veias dos atleticanos. O trecho é da música do Secos & Molhados, conjunto de rock brasileiro que fez sucesso na década de 1970. Mas se aplica bem aos feitos alvinegros na Libertadores. O Atlético-MG está, pela terceira vez consecutiva, nas oitavas de final do torneio. O Galo foi cirúrgico. Precisava ganhar por dois gols de diferença para se classificar, e ganhou de 2 a 0 do Colo-Colo, no Independência, na noite dessa quarta-feira. No entanto, até o último silvo do árbitro equatoriano Carlos Vera, muita coisa aconteceu.
Aos 22 minutos do segundo tempo, Luan é derrubado na área. O Galo vencia por 1 a 0. Pênalti. Era a chance de o Atlético-MG conseguir o que precisava. Guilherme pegou a bola e foi para cobrança. Um chute forte, rasteiro, no canto direito do goleiro Garcés. O chileno defende com a ponta dos dedos. A bola ainda toca na trave e na cabeça do goleiro antes de sair. O que aconteceu Guilherme?
- Parou, pensou e deu biziu (risos) - comentou o jogador, após o final da partida, que teria um desfecho parecido a alguns ocorridos com o Galo nas edições passadas.
O meia do Atlético-MG admite que o pênalti perdido o balançou. Mas, 12 minutos depois, um lance impressionante "salvaria" Guilherme. Uma linda invertida de jogo para Rafael Carioca, que acertou um chute de rara felicidade.
- Eu pude ter a felicidade de achar o Rafael livre, e ele, com a competência, livrou a minha barra - continuou a brincar Guilherme, um dos heróis do jogo anterior, quando deu as assistências para Pratto marcar os gols sobre o Cruzeiro, nas semifinais do Estadual.
Alguém pode providenciar uma camisa do Galo para o 12º jogador do time alvinegro em campo? Com um pouco mais de 1,80m e pesando cerca de três quilos, a bandeirinha de escanteio, do lado esquerdo do campo de ataque alvinegro, foi decisiva para o Atlético-MG. No lance do segundo gol, a bola se encaminhava para a linha de fundo. A defesa do Colo-Colo parou, mas Guilherme não. A bola parou na bandeirinha de escanteio. Despretensiosamente, Guilherme agradeceu o "passe" e inverteu a bola para Rafael Carioca, que acertou um grande chute.
De surpresa
Guilherme admite que o lance surpreendeu os adversários, ainda mais que o meia acredita que os zagueiros esperavam um cruzamento.
- Foi um pouco da minha esperteza no lance, porque ela (bola) bateu no pau ali na bandeirinha do escanteio então, continuaria em jogo. Aí eu consegui achar o Rafael (Carioca) livre na entrada da área, quando todos imaginavam que eu ia cruzar.
Fato é que o Horto tem alguma mística que nem mesmo os torcedores do Atlético-MG conseguem explicar. Ao som do mantra “Eu acredito!”, cantado a plenos pulmões desde as quartas de final da Libertadores de 2013, o Galo enfrentou uma chuva torrencial no primeiro tempo, um Colo-Colo completamente fechado no Independência, um pênalti perdido, faltando pouco mais de 15 minutos para o fim da partida. E conseguiu, mais uma vez, uma classificação na base da emoção.
No último domingo, após eliminar o Cruzeiro do Campeonato Mineiro, Victor profetizou:
- O raio vai cair pela quinta vez no mesmo lugar.
E caiu. Caiu no Horto, está morto!
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