Aposentada de MT denuncia golpe: 'Estão sacando meu dinheiro no Pará'
Tem três meses que a aposentada Sebastiana Pereira Lima, de 71 anos, que mora em Ribeirão Cascalheira, a 893 km de Cuiabá, não recebe o benefício. Há indícios de que ela seja vítima de estelionatários que estariam usando os dados dela para sacar o benefício em São Félix do Xingu, no interior do Pará. A idosa já procurou o Instituto Nacional da Previdência Social (INSS), a Receita Federal e a Polícia Civil. Um boletim de ocorrência foi registrado. A vítima é analfabeta. O caso já está sendo investigado pela Polícia Civil de Ribeirão Cascalheira. Conforme a polícia, a idosa assinou um documento autorizando a transferência do pagamento da agência do Sicredi daquele município para um banco em São Félix do Xingu. Como não sabe ler, ela disse não ter noção do que estava assinando. O documento, segundo ela, foi assinado na agência do INSS de Água Boa, a 736 km da capital, neste mês, depois que o benefício já tinha deixado de ser pago. Ela então procurou a agência sob orientação da gerente da agência bancária onde ela recebia a aposentadoria. "Ele [funcionário do INSS] pediu que eu assinasse esse documento e depois levasse até o delegado da Polícia Civil para fazer a denúncia, mas eu não sabia o que era. Quando cheguei na delegacia, o delegado me falou: “dona Sebastiana porque a senhora assinou isso? Com isso, a senhora está autorizando a transferência [do órgão pagador]“. Mas eu não sabia o que era e falei: doutor, se me mandarem assinar um papel pedindo para eu ficar presa eu assinaria, porque não sei ler", contou a aposentada, que se diz desesperada, pois não está conseguindo honrar com as dívidas por ter parado de receber o benefício. A Polícia Civil informou que a vítima já foi ouvida e que a suspeita é de que um servidor do INSS em Água Boa tenha agido de má fé. "Ela nunca esteve nessa cidade, não tem interesse em se mudar para lá e fizeram ela assinar um documento dizendo que queria passar a receber no banco de lá", afirmou o escrivão Marcilon Pereira de Souza, que acompanha o caso. A suspeita é de que a idosa tenha sido vítima de uma organização criminosa especializada em estelionato. "Pegaram os documentos dela e estão usando os dados para sacar a aposentadoria no Pará", afirmou. Há indícios de que os documentos dela estejam sendo usados há algum tempo, pois em 2012 ela não conseguiu votar porque alguém já tinha votado no lugar dela, também em São Félix do Xingu, usando título de eleitor falsificado. À epoca, ela registrou boletim de ocorrência. Por sua vez, o INSS informou ao G1, por meio da assessoria de imprensa, que o benefício da aposentada está ativo para ser recebido no Pará e que ela teria passado uma procuração autorizando que outra pessoa sacasse o dinheiro. No entanto, o órgão confirmou que existe indícios de estelionato e que está verificando a questão. Em fevereiro deste ano, Sebastiana foi à agência do Sicredi para receber a aposentadoria e foi informada que o dinheiro dela não estava disponível. A gerente da agência, Margarete Pereira de Souza, afirmou ter entrado em contato com o INSS e a orientação foi de que pedisse à aposentada que procurasse a agência do INSS. "Identificamos que tinha mudado o local do órgão pagador", disse. Essa não é a primeira vez que o benefício dela foi “suspenso“. No ano passado, de maio a julho, a aposentada ficou sem receber. Nessa outra vez, ela também registrou boletim de ocorrência e três meses depois o pagamento voltou a ser feito. Agora, ela disse ter se preocupado mais porque está pagando as parcelas de um empréstimo que fez para reformar a casa onde vive com o marido e o bisneto. "Estou com dívida porque não tenho como pagar as parcelas [no valor de R$ 170]. Não entendo porque estão fazendo isso comigo", contou. Certa vez, ela foi comprar um guarda-roupas e não conseguiu porque o nome dela estava inserido no serviço de consulta de análise de crédito por uma pendência financeira que ela desconhecia, reforçando os indícios de que vem sendo vítima de estelionato.
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