Terremoto afeta 8 milhões de pessoas no Nepal, diz ONU Forte tremor devastou país no sábado (25). Número de mortos supera os 4.300, e o de feridos está em 8.500.
Oito milhões de pessoas foram afetadas pelo devastador terremoto no Nepal, um país de quase 28 milhões de habitantes, informa a Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (28).
De acordo com o organismo, mais de 1,4 milhão de pessoas necessitam de comida, água e abrigo.
O forte tremor que sacudiu o Nepal e a Índia no sábado (25) deixou mais de 4.300 mortos e pelo menos 8.500 feridos, segundo último balanço do Centro Nacional de Operações de Emergência do país.
Equipes de resgate tentam chegar às regiões mais remotas para ajudar vítimas e resgatar sobreviventes de escombros, enquanto milhares de pessoas deixam a capital Katmandu, isso porque novos tremores foram registrados e não está descartada a hipótese de um novo forte sismo.
Agências e governos internacionais correm para enviar equipes de busca e resgate, médicos e remédios ao país.
O terremoto de magnitude 7,8, o mais violento dos últimos 80 anos no país, provocou vários tremores secundários e diversos deslizamentos no monte Everest, onde 18 pessoas morreram no início da temporada de alpinismo.
As agências humanitárias ainda têm dificuldades para avaliar o alcance da devastação e as necessidades da população.
Também morreram 67 pessoas na Índia em decorrência do terremoto.
Quase um milhão de crianças precisam de ajuda urgente, segundo o Fundo para Crianças das Nações Unidas (Unicef).
O Itamaraty informou que recebeu informações sobre 96 brasileiros que estavam no Nepal durante o terremoto.Nenhum dos localizados sofreu ferimentos, segundo as informações mais recentes do governo federal. A Embaixada do Brasil em Katmandu "segue mobilizada para prestar o apoio necessário aos cidadãos brasileiros que se encontram no país", informou o ministério.
Equipes enviadas por Índia, Paquistão, Estados Unidos, China, Japão, Inglaterra e Israel estão no Nepal para ajudar, disseram as Nações Unidas, escavando toneladas de escombros em busca de milhares de pessoas ainda desaparecidas.
Grupos internacionais de busca chegaram ou devem chegar à capital Katmandu, com unidades do Japão, EUA e Inglaterra equipadas com cães farejadores e equipamentos pesados para retirada de escombros.
Os EUA ainda anunciaram que repassarão US$ 10 milhões em ajuda ao Nepal, segundo o secretário de Estado John Kerry.
As autoridades que coordenam as tarefas de socorro no Nepal se reuniram nesta segunda-feira (27) para tentar reabrir os mercados e distribuir pacotes de ajuda aos desabrigados pelo terremoto no país asiático, informou a imprensa local.
O Comitê de Coordenação de Resgate em Desastres Naturais, reunido na sede do governo nepalês em Katmandu, pediu aos chefes de distrito que trabalhem para abrir as lojas nas zonas afetadas. O objetivo é facilitar a provisão de produtos à população em geral.
Ao menos 7,5 mil feridos
Pelo menos 8,5 mil pessoas ficaram feridas, segundo o governo nepalês, e o tratamento delas e de outros sobreviventes retirados dos escombros de edifícios destruídos continua sendo uma tarefa bastante desafiadora.
"A prioridade continua sendo salvar vidas e buscar e resgatar sobreviventes", afirma relatório da equipe local das Nações Unidas no Nepal.
Guia sherpa ferido em avalanche do monte Everest é levado em ônibus para Katmandu neste domingo para receber atendimento (Foto: AP Photo/Bikram Rai)
O tremor destruiu edifícios, monumentos, estradas e outras infraestruturas. Mais de 60 terremotos secundários, incluindo um sismo de magnitude 6,7, já foram sentidos.
Pacotes com remédios e equipamentos sanitários foram entregues no domingo (26) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a hospitais no Nepal. Os artigos sanitários servirão para atender 40 mil pessoas durante três meses, indicou a organização de sua sede em Genebra.
Além disso, a OMS desembolsou US$ 175 mil como uma primeira doação de emergência para que se atendam as necessidades de saúde mais urgentes dos afetados pelo terremoto.
Fuga de pessoas
Muitos habitantes de Katmandu iniciaram nesta segunda um êxodo após o violento terremoto. Famílias inteiras se amontoavam em ônibus e algumas pessoas inclusive viajavam no teto dos veículos.
Diante do medo da falta de provisões, as pessoas também se amontoavam nas lojas e nos postos de combustível.
"Agora é importante prevenir outro desastre tomando as precauções adequadas contra as epidemias", disse à imprensa o porta-voz do Exército, Arun Neupane.
Um homem senta-se sobre os escombros de sua casa danificada após o terremoto de sábado, em Bhaktapur (Foto: REUTERS/Adnan Abidi)
Hospitais estão lotados
No vale de Katmandu, hospitais estão lotados e estão ficando sem espaço para corpos, afirmaram socorristas. Os centros médicos também estão ficando sem suprimentos de emergência. Alguns deles estão tendo que tratar os feridos nas ruas.
No domingo, doentes e feridos deitavam-se em uma empoeirada rodovia fora do Kathmandu Medical College, enquanto funcionários do hospital carregavam pacientes para fora do prédio em macas e sacos.
Os médicos montaram uma sala de operações dentro de uma tenda para onde levavam os mais críticos, após um tremor particularmente grande forçar as pessoas a correrem aterrorizadas para as ruas.
Feridos foram socorridos pela população no Nepal neste sábado (25) (Foto: Marcelo Gama / Acervo pessoal)
No lado externo do Centro Nacional de Trauma em Katmandu, pacientes em cadeiras de rodas que estavam em tratamento antes do terremoto juntaram-se a centenas de feridos com membros fraturados e sujos de sangue, deitados dentro de barracas feitas com lençóis do hospital.
940 mil crianças atingidas
O Unicef estima que pelo menos 940 mil crianças foram gravemente atingidas na região que inclui os distritos de Dhading, Gorkha, Rasuwa, Sindhupalchowk e Katmandu.
Enquanto isso, campos de desabrigados deverão estar prontos nos próximos dias.
"Centenas de milhares de pessoas estão dormindo ao relento, pois estão muito assustadas para voltarem para suas casas por causa de todos os tremores secundários", disse Zubin Zaman, gerente da agência humanitária Oxfam, na Índia.
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