Equipes buscam vítimas em áreas remotas após terremoto no Nepal Falta de estrutura e mau tempo prejudicam resgates no país. Mais de 4,3 mil pessoas morreram; cidades enfrentam caos e privações.
As equipes de resgate seguiam nesta terça-feira (28) tentando realizar as buscas por vítimas do terremoto no Nepal nas zonas mais remotas do país, depois do tremor de sábado (25) que deixou mais de 4.300 mortos e afetou 8 milhões de pessoas.
"Recebemos pedidos de ajuda de todas as partes, mas ainda não conseguimos iniciar o resgate em muitas áreas porque não temos equipamento e socorristas com experiência", disse o primeiro-ministro nepalês Sushil Koirala, para quem a ajuda às vítimas representa um "enorme desafio".
Koirala tambpem afirmou que o número de mortos pode chegar a 10 mil. O balanço oficial de vítimas é de 4.310 mortos e 7.953 feridos. A ONU calcula em 8 milhões o número de pessoas afetadas pela tragédia.
Após o terremoto de 7,8 graus de magnitude, muitas regiões do país precisam de água e alimentos, enquanto na capital Katmandu milhares de pessoas invadem lojas e postos de gasolina.
O Ministro de Conservação do Solo e das Florestas do Nepal, Manesh Acharya, disse que as condições meteorológicas ruins em grande parte das áreas afetadas pelo terremoto complicaram muito os trabalhos de resgate fora de Katmandu.
Segundo o ministro, helicópteros MI 17 enviados pela Índia não conseguiram chegar às zonas mais prejudicadas por causa do mau tempo.
Esta é a maior catástrofe no Nepal nos últimos 80 anos. O terremoto também afetou a Índia, onde morreram 73 pessoas, e a região chinesa do Tibete, com 25 mortos.
O balanço de vítimas no Nepal pode aumentar consideravelmente depois que as equipes de resgate conseguirem chegar às zonas mais remotas do país, como a região de Lamjung, 70 km ao oeste da capital, epicentro do tremor e ainda isolada.
"Aqui a situação não é boa. Muitas pessoas perderam as casas, falta água e comida", disse Udav Prasad Timilsina, funcionário do governo do distrito vizinho de Gorkha.
"Não conseguimos tratar os feridos. Precisamos urgentemente de água, comida, remédios e lojas. As equipes de resgate estão chegando, mas precisamos de ajuda", completou.
O terremoto também provocou uma avalanche no Everest, o que sepultou com neve e rochas uma parte do campo base em plena temporada de escalada e deixou 18 mortos.
Medo e confusão em Katmandu
Em Katmandu, milhares de pessoas começaram a sair da cidade em ônibus lotados, com pessoas no teto e com o objetivo de retornar para suas cidades de origem.
Centenas de pessoas espalhadas pelo chão, em longas filas, esperavam deixar o aeroporto de Katmandu. Barracas foram montadas nos jardins em frente à entrada. O movimento intenso de funcionários de embaixadas estrangeiras, voluntários e soldados se misturam aos passageiros no aeroporto de Tribhuvan, o principal da capital nepalesa, também atingido pelo tremor e completamente saturado de tráfego aéreo nas últimas horas.
Os painéis mostram cancelamentos e atrasos de quase todos os voos com destino aos países próximos - Índia, Malásia, Tailândia e China. No entanto, é praticamente impossível conseguir alguma informação oficial com a Autoridade de Aviação Civil.
Longas filas também são observadas nos postos de gasolina e nos mercados das cidades, invadidos por pessoas desesperadas em busca de produtos básicos como arroz ou óleo de cozinha.
Policiais nepaleses e voluntários cavam entre escombros de um templo desmoronado em busca de sobreviventes do terremoto em Catmandu, no Nepal (Foto: Danish Siddiqui/Reuters)
As pessoas que decidiram permanecer em Katmandu dormiram em barracas improvisadas nas ruas, já que perderam as casas ou por medo dos tremores secundários.
"Há muito medo e confusão", disse Bijay Sreshtha, que fugiu de casa após o terremoto e passou os últimos dias em um parque com a mulher, os três filhos e a mãe.
Os hospitais e necrotérios da cidade estão lotados e os médicos trabalham sem direito a descanso para atender as vítimas, muitas delas com traumas e fraturas múltiplas.
As equipes de emergência do Nepal contam com o apoio de centenas de estrangeiros, de países como China, Índia ou Estados Unidos.
Washington prometeu US$ 10 milhões de ajuda e a Austrália outros US$ 4,7 milhões, além de um avião militar para transportar mantimentos às vítimas, uma tarefa complexa pela falta de espaço no único aeroporto internacional do país.
O terremoto também representa um duro golpe para a economia do Nepal, um dos países mais pobres do mundo, que ainda se recupera de uma guerra civil de 10 anos, encerrada em 2006.
O Nepal, como toda a região do Himalaia, onde se encontram as placas tectônicas indiana e euroasiática, é uma área de forte atividade sísmica.
Em agosto de 1988, um terremoto de 6,8 graus de magnitude deixou 721 mortos no leste do Nepal. Em 1934, um terremoto de 8,1 graus matou 10.700 pessoas no Nepal e na Índia.
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