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Nacional
Terça - 28 de Abril de 2015 às 23:56

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Foto: (Foto: Montagem/G1)

Fotos mostram Arthur e Heitor antes da cirurgia de separação

Fotos mostram Arthur e Heitor antes da cirurgia de separação

Dois meses após a morte do gêmeo siamês Arthur Ledo Rocha Brandão, 5 anos, que não resistiu à cirurgia de separação do irmão, Heitor, o pai das crianças falou sobre a falta do filho nas redes sociais. Na publicação, feita na segunda-feira (27), Delson Papa Brandão afirmou que “entende a vontade de Deus”, mas "que a saudade chega, bate e dói".

“Como é difícil aceitar que não vou poder ouvir mais sua voz, sentir o cheiro azedin (sic) no pescoço, poder fazer você rir e sentir seu abraço. Eu consigo entender a vontade de Deus e acho que é por isso que vivo feliz, mas a saudade chega, bate e dói. Mas tudo bem Tuka [Arthur] vamos continuar vivendo aqui sem sua presença física por que sei que você está aqui em amor. Amor infinito. Te amo do tantão (sic) do céu de todos os planetas do universo de Deus. Dois meses sem seu sorriso”, diz o texto.

Ao mesmo tempo que sofre com a saudade de Arthur, a família comemora a recuperação de Heitor, que segue internado no Hospital Materno Infantil (HMI). De acordo com boletim médico, divulgado na manhã desta terça-feira (28), ele segue em estado estável e respirando normalmente. Além disso, o menino se alimenta normalmente, com dieta livre, oral. Ainda não há previsão de alta.

A mãe dos garotos, a professora Eliana Ledo Rocha dos Santos, relatou ao G1 que todos aguardam pelo dia em que Heitor poderá voltar para casa. “Estamos ansiosos, tanto eu e o meu marido quanto a família lá da nossa cidade, para retomarmos a vida normal”, afirmou.

Hoje, o garoto está com 6 anos e, segundo a mãe, tem plena consciência de que sua vida mudou após a separação do irmão. “Ele é muito maduro para a idade dele, entende que ele tem uma nova vida a partir de agora e já sente toda a liberdade”, relatou.

Nos primeiros dias, os pais não contaram a Heitor sobre a morte de Arthur com medo de que a notícia pudesse afetar negativamente a recuperação do filho. Porém, atualmente o menino já sabe que o irmão não resistiu à cirurgia.

“Ele sabe da morte, mas também sabe que o irmão vai estar sempre presente, mesmo que não fisicamente. Heitor fala que sente falta do Arthur, que sente a presença dele e isso sensibiliza ainda mais toda a família”, revela Elaine.

Nascimento

Natural de Riacho de Santana, cidade do interior da Bahia, Eliana veio para Goiânia um mês antes do nascimento dos filhos para que eles tivessem acompanhamento desde o parto, em abril de 2009. Eles eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia, compartilhando o fígado e genitália. Quando os meninos nasceram, Eliana e Delson já tinham uma filha de 1 ano e 10 meses.

Dentre as várias adaptações feitas pela família para acolher os filhos siameses, a mãe passou a amamentar os bebês simultaneamente, tornando o ato mais confortável para ela e os filhos.

Desde o nascimento, eles se preparavam para a cirurgia de separação. Para facilitar os cuidados com Arthur e Heitor, que recebiam atendimento especializado no HMI, Eliana se mudou para Goiânia. Enquanto isso, Delson permaneceu na Bahia para garantir o sustento dos familiares.

Separação

Antes da cirurgia de separação, Eliana afirmou que, apesar das restrições físicas, os filhos não possuíam nenhum problema cognitivo. Com personalidades “totalmente diferentes”, os gêmeos sonhavam com o procedimento, segundo a mãe. "Eles querem se separar, não querem desistir porque sabem que vão ter liberdade, uma independência maior, poder ir sem precisar da permissão do outro", disse.

Entre 2013 e 2014 os garotos passaram por cirurgias para a colocação de bolsas expansoras de pele. “Elas vão esticando a pele devagar, é como se fosse uma gravidez. Precisa de pele para cobrir o corte da separação. Se o processo não é feito, o risco de morte é altíssimo”, explicou na época o cirurgião Zacharias Calil, responsável pelo caso.

Por fim, o procedimento aconteceu em 24 de fevereiro deste ano. A cirurgia durou cerca de 15 horas. Para realizar o procedimento, Calil e sua equipe tiveram auxílio de uma técnica chamada prototipagem, na qual impressoras 3D reproduzem órgãos do corpo humano em tamanho real. Segundo o cirurgião, a aplicação dessa técnica em cirurgias de separação de siameses em Goiás é pioneira no país e permite simular o procedimento.





Fonte: G1

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