Brito ataca para superar desgaste e sair da lanterna; vice opera milagres
Na reta final da campanha e "patinando" na lanterna, o ex-deputado Carlos Brito (PSD) resolveu acender um vela para Deus e outra para o Diabo. Adotou uma linha audaciosa e agressiva na disputa pela Prefeitura de Cuiabá. Ele expõe e mescla os feitos e conduta religiosa com o que sabe de "podre" e contraditório dos adversários na política, mesmo sabendo que eleição e religião não se dão bem em ambiente democrático.
Na retaguarda, um pastor da Assembleia de Deus, com uma legião de fiéis, e que afirma ter operado vários milagres. Paulo dá testemunho até de que Deus o levou para um galinheiro. Em sua página na internet que traz o slogan "Cruzadas Paulo Roberto", o candidato a vice-prefeito conta que Deus usou "uma galinha falando em línguas e um galo interpretando as línguas para lhe dizer: "Meu filho Paulo, estou te curando de câncer agora". Depois, escreve o pastor-candidato, traduzindo as vozes de Deus: "Estou te levantando um pregador da minha palavra. Vou te usar como médico no meio dos doentes. Por onde tu passar curarei os enfermos".
Os milagres esperados por Brito, com a força de Paulo, não aconteceram junto ao eleitor, de modo a tirá-lo do ranking de candidato mais rejeitado e, para piorar, dividindo as últimas posições nas intenções de voto com o procurador Mauro de Lara (Psol) e com Adolfo Grassi (PPL). A estratégia, então, foi partir para o ataque. Brito agora está municiado também de um porrete. E escolheu alvos, um deles o concorrente do PT, vereador Lúdio Cabral. A primeira cacetada veio com um documento da Juventude do PT favorável à legalização das drogas e do aborto. Depois, o candidato do PSD expõe Lúdio para desgastá-lo, afirmando que o petista tem como coordenador da campanha Eder de Moraes, a quem acusa de estar envolvido em vários escândalos, entre eles o superfaturamento na compra de maquinário.
As próximas pesquisas devem mostrar se os ataques de Brito surtiram efeitos, no sentido do social-democrata crescer nas pesquisas e "puxar" o candidato do PT para baixo, ou se Lúdio se transformará em massa de pão, aquela que quanto mais bate, mais cresce.
Religião
Antes, a religião interferia em todos os aspectos da vida em sociedade, mas as diferentes esferas da cultura ganharam autonomia e essa religião perdeu influência e poder. Ficou restrita e interfere mais na vida íntima das pessoas, com foco em temas da moralidade individual. Mesmo assim, o que faz muitos evangélicos entrar em disputa por cargo eletivo é a busca de suas igrejas pelo poder. É nessa hora que muitos usam o moralismo para intervir na política. Eles elegem representantes, criam partidos e não hesitam em usar as eleições para pressionar o eleitor.
Nesta eleição não faltam candidatos batendo a porta de igrejas em busca de bênçãos que não combinam com suas posições e nem com valores republicanos, mas os votos da igreja não são suficientes. Então, partem para encenação dupla. Demonstram ser da igreja para os de dentro para não perder votos da casa e, na outra ponta, não ser da igreja para os de fora para ter o voto dos demais.
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