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Sexta - 01 de Maio de 2015 às 09:44

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Mais uma figura marcante do futebol brasileiro pendura as chuteiras. O dia 30 de abril de 2015 marca a despedida de Tinga dos gramados. O contrato com o Cruzeiro se encerra nesta quinta-feira, e o jogador, de 37 anos, já havia anunciado que não ia renová-lo, a fim de encerrar sua trajetória como atleta profissional. Em quase 20 anos de carreira, Tinga colecionou muito mais do que títulos e premiações individuais. A trajetória do gaúcho teve momentos marcantes, que ficarão marcados na memória daqueles que acompanham o futebol. Ele deixa o último dia, como jogador, de cabeça erguida, como sempre agiu.



- Sentimento de realização, de poder terminar uma carreira de jogador de futebol, que é o sonho de todo menino, que sonha em jogar futebol. Sentimento de um sonho realizado, um sonho que aconteceu maior do que eu imaginava, do que eu pensava. Eu sonhava em me tornar um jogador, mas não imaginava que a realidade seria maior que meu sonho. Por não ser nenhum craque, eu consegui ser maior do que esperava. O sentimento é esse, de muita alegria.


Tinga conversou com a reportagem do GloboEsporte.com, na véspera do seu último dia de contrato com o Cruzeiro. O jogador fez um balanço da carreira e revelou os planos para o futebol.Confira mais sobre esse e outros assuntos na entrevista exclusiva concedida ao GloboEsporte.com:


Decisão de parar


- Para deixar bem claro que só estou parando porque quero, porque propostas não faltaram, dava pra jogar mais tempo ainda, tanto no Brasil quanto fora. Uma das coisas que eu sempre almejei, para mim, foi que eu pudesse escolher a hora de parar, não que as pessoas me parassem. Eu conversei com minha família, e todos foram unânimes, pelo momento. Então, foi bem legal a maneira que foi, e terminar no Cruzeiro foi melhor ainda.

Momentos mais marcantes


- Joguei no Grêmio, ganhei prêmios na posição, depois tive isso no Inter, onde também fui campeão, mais prêmios individuais, no Cruzeiro eu fui campeão, na Alemanha também fui vencedor, não tem aquele momento específico. Até porque título, para mim, não tem todo esse peso. Para mim, não existe isso de falar que Brasileiro vale mais que Libertadores. Tem todo um envolvimento. Por isso, todo título tem sua importância. Até no Botafogo, onde joguei só por sete meses, tendo recebido só em quatro, foi muito importante para minha carreira. Ali, eu pude ver qual é a realidade do futebol, no próprio Japão, onde fui campeão com 20 anos, foi diferente. Então, não há um ano específico em que eu diga que foi o mais marcante, seria até injusto com os grupos que participei durante a minha carreira.


E no Cruzeiro?


- Foi um pouco diferente dos outros clubes, porque não teve um momento específico. Eu tenho vários momentos marcantes no Cruzeiro. Eu me envolvi muito mais do que nos outros times, principalmente na parte interna, de grupo. Para a imprensa, para o torcedor, o que vale é o campo, o gol, o resultado é aquilo que aparece, mas quem está no grupo, no dia a dia, sabe que existe uma série de pequenos momentos que formam um time campeão.


Não tem um momento específico. Mas me tornar campeão brasileiro, principalmente no primeiro ano, no jogo contra o Vitória, que garantiu o título, foi especial, porque era um título que eu não tinha. Eu imaginava que não ganharia mais o Brasileiro, e já no fim vieram dois.

Momento mais difícil


O momento mais difícil, sem dúvida, foi quando eu fraturei minha perna. Dentro da ambulância da Toca para o hospital, eu falando com minha esposa no telefone, que estava tudo acabado, que não ia ter mais, entendendo que aquilo era o fim para mim. Eu sempre pedi a Deus para me mostrar a hora certa de parar, e eu, que nunca tinha tido uma lesão grave. No meu coração, eu estava achando que era o fim, mesmo com o doutor me dizendo que era uma coisa normal, que não seria problema para eu voltar a jogar. Mas aqueles 30 minutos da Toca para o hospital foram os mais difíceis.

Injúria racial no Peru


- Foi um episódio que, para mim, não tem muita explicação. Eu não pedi para acontecer aquilo, não esperava entrar no jogo, porque o time estava perdendo e, nessas situações, normalmente eu não entrava, e Deus e o Marcelo (Oliveira) me fizeram entrar naquele jogo, e aconteceu aquilo. O que eu fiz, depois do jogo, foi aproveitar um gancho em uma entrevista afirmando que eu trocaria todas as minhas conquistas pela igualdade social e racial. E eu acredito nisso, não falei da boca para fora, quem me conhece sabe que penso exatamente isso. A partir disso, as pessoas foram se identificando com a situação, e o fato ganhou uma proporção muito maior.


Na minha carreira profissional, não mudou nada. O que acontece é que, quando ocorre um caso de injúria no esporte, as pessoas se lembram daquele caso. Acabei fazendo parte de várias campanhas no sentido de colaborar. Mas eu continuo na mesma situação, procurando ajudar as pessoas, não acho que tinha que usar aquela situação para me promover. Acabei sendo mais visto por isso, pessoas que não acompanhavam tanto futebol começaram a me conhecer a partir desse fato.


Passagem pelo Cruzeiro


- Foi um presente, um privilégio que recebi. No fim da minha carreira, eu vim para o Cruzeiro já com 34 anos, um clube grande, vencedor. Agradeço muito a Deus e às pessoas, à diretoria que me trouxe para o Cruzeiro, e também aos jogadores, que me fizeram campeão.

Planos para o futuro


- Vou tocar meus negócios, algumas parcerias no setor de investimentos, mas não vou deixar de estudar aquilo que mais conheço, que é o futebol. Estou fazendo um curso de gestão de futebol, estou indo para a Alemanha, assistir às finais da Copa da Alemanha e da Liga dos Campeões e fazer alguns cursos. Eu tenho duas certezas do que eu não quero no futebol, que é ser treinador ou empresário, o resto vai depender dos projetos.  





Fonte: Globo Esporte

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