Crise hídrica se transforma em oportunidade para agricultores
A crise hídrica assuntou os produtores rurais bem como toda a sociedade: a ausência de abastecimento de mercadorias nos supermercados, preços elevados e falta de água preocuparam economistas sobre o futuro do agronegócio brasileiro. Mesmo com as chuvas frequentes e prolongadas, o Brasil ainda vive uma baixa de água nos reservatórios. Segundo dados dos produtores associados da Aphortesp (Associação dos Produtores e Distribuidores de Hortifrúti do Estado de São Paulo), a receita de 2014 foi a pior dos últimos anos.
Por outro lado, os produtores rurais estão mais preparados para começar o inverno de 2015. De acordo com Danilo Duarte, associado da Aphortesp, haverá uma diminuição de área de plantio, porém será melhor cultivada. “Além disso, estamos vivendo um momento de expansão no cultivo hidropônico já que consome menos água do que o convencional, cerca de 30%”, explica.
O associado também destaca que alguns produtores mudaram o sistema de irrigação tradicional, migrando da aspersão para o gotejamento. Dados da israelense Netafim mostram que a economia no volume de água proporcionada pelo gotejamento varia entre 30% e 50% quando comparada com a irrigação por aspersão. O saldo de economia de água para consumo humano pode variar de 20% a 40%.
“A economia do recurso hídrico na irrigação por gotejamento acontece através da disponibilização de água junto ao sistema radicular da planta, enquanto que no sistema mais usado no país (por aspersão) a água é distribuída por toda a extensão da planta, necessitando de um volume maior de água para atender a demanda da cultura”, detalha Carlos Sanches, gerente agronômico da Netafim, exemplificando que além da água, é possível fertirrigar a planta “Aplicamos os nutrientes necessários direto na raiz da planta fazendo com que ela cresça mais rápido que as demais. O sistema aumenta a produtividade, por exemplo: temos um cliente de tomate que colhe 140 toneladas por hectare usando a técnica de gotejamento. A média do produtor que usa aspersão é de 80 toneladas por hectare”.
Além da adoção de novas tecnologias e métodos de cultivo, o produtor rural está cada vez mais consciente quanto ao consumo da água. “Não queremos somente economizar esse recurso que está cada vez mais escasso no nosso país, queremos também a sustentabilidade das nossas lavouras. A crise fez com que muitos produtores ampliassem seus reservatórios de água para ter uma garantia maior no período de seca”, acrescenta Duarte.
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