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Sexta - 15 de Maio de 2015 às 11:51

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A taxa de homicídio por armas de fogo cresceu 7,4% entre os anos de 2011 e 2012 em Mato Grosso, saltando de 21,2 para 22,8 para cada grupo de 100 mil habitantes. O dado faz parte do estudo “Mortes Matadas por Armas de Fogo”, divulgado pela Unesco nesta quinta-feira (14). O Estado é o 14º mais violento do país. 


Mato Grosso ocupa, ainda, a 15º posição entre os que têm mais óbitos masculinos, sendo 41,9 por cada porção de 100 mil habitantes. A boa notícia é que houve queda considerável no número de óbitos por arma de fogo a partir de 2002, quando ocupávamos a sétima posição (com 25,1) até chegarmos em 2012 à 14ª (com 22,8).

Tudo isso é quase nada a comemorar, pois o número absoluto saltou de 313 em 2002 para 394 óbitos por armas de fogo em 2012, um crescimento de 25,9% nesses dez anos e uma variação de 17,6% somente entre 2011 e 2012.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) se diz atenta à evolução desses números. “Tentamos seguir o acompanhamento da lei do Sinarme [Sistema Nacional de Armas, que regulamenta a venda e o uso no país, sob responsabilidade da Polícia Federal], mas é importante que haja uma resposta efetiva por parte do sistema judiciário como um todo, no sentido de manter as pessoas que cometem crimes efetivamente presas”, lembra o titular da Sesp, Mauro Zaque.

“Sabemos que tudo depende de uma política intermodal, interdisciplinar, para trabalharmos com outras frentes sociais, para termos outros vieses - o do enfrentamento sim, mas também, e acima de tudo, o da prevenção”, continuou Zaque. E os números dão razão à fala dele. Entre os jovens, o panorama é drástico no país como um todo: houve um crescimento de 463,6% no número de vítimas de armas de fogo durante a série histórica. Algo explicado de forma exclusiva pelo aumento de 655,5% dos jovens assassinados, enquanto acidentes, suicídios e indeterminados caem ao longo do período: -23,2%, -2,7% e -24,4% respectivamente.

ARMAS ILEGAIS – E o fácil acesso às armas de fogo ilegais contribuíram e muito para esses números, só observar que nos homicídios juvenis se verifica aumento crescente no uso: em 1980, 71,6% das mortes de jovens por armas de fogo enquadravam-se na categoria homicídios, esse número saltou para 95,9% em 2012, ou seja, quase todo homicídio entre jovens é cometido utilizando-se disparos de pólvora e projéteis.

A dificuldade de acesso a estatísticas nacionais quanto ao número de armas em circulação no Brasil também não ajuda muito. As duas únicas fontes sobre isso são norte-americanas: os estudos/livros “Small Arms Holdings in Brazil: Toward a comprehensive Mapping of Guns and Their Owners”, de P. Dreyfus e M.S. Nascimento, e “The Arms and the Victims”, de R. Fernandes. Neles, uma ideia do arsenal de rua em circulação no país até 2012: 15,2 milhões em mão privadas, mas somente 6,8 milhões registradas; 8,5 milhões não registradas. Entre estas, pelo menos 3,8 milhões sabidamente em mãos de criminosos.

Os registros permitem verificar que, entre 1980 e 2012, morreram mais de 880 mil pessoas vítimas de disparo de algum tipo de arma de fogo. E entre os jovens de 15 a 29 anos, esse crescimento foi ainda maior: passou de 4.415 vítimas em 1980 para 24.882 em 2012: 463,6% de aumento nos 33 anos decorridos entre as datas.

O titular da Sesp também enxerga que os jovens são vítimas, mas também vêm se tornando algozes de outros jovens. “Porque percebemos que tem crescido muito a participação dos jovens em eventos criminosos de todos os tipos. Roubos, homicídios, então é importantíssima a prevenção por meio de ações que os afastem do caminho da violência e de suas consequências”, finalizou Mauro Zaque. 





Fonte: Diário de Cuiabá

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