O momento difere do vivenciado em 2010, quando a cada três dias um caixa eletrônico foi arrombado no estado. Naquele ano, 118 terminais entraram nas estatísticas da polícia. O ataques contabilizados neste ano representam 51,8% de todas as ocorrências registradas em 2011, que fechou o ano com 106 casos de arrombamentos.
Para o delegado titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Flávio Stringuetta, os números têm uma explicação. Além da investigação, a repressão à rede organizada neste tipo de crime descentralizou as ações criminosas. Segundo o delegado, as quadrilhas que estão agindo no estado são inexperientes, o que pode explicar a quantidade de roubos e furtos frustrados. “Identificamos e prendemos oito quadrilhas. Outras [quadrilhas] foram para outros estados e as que se formaram são amadoras. Não estão conseguindo levar dinheiro dos terminais”, explicou o delegado.
Nos últimos três anos, informou Stringuetta ao G1, a divisão da polícia que investiga o crime organizado em Mato Grosso triplicou a quantidade de inquéritos instaurados para apurar a atuação das quadrilhas no estado e em outras regiões do país. Quadrilhas inteiras, segundo a Polícia Civil, migraram para 11 estados da federação onde o índice de arrombamento de terminais bancários é baixo. De acordo com balanço do GCCO, já ocorreram prisões de criminosos mato-grossenses em Tocantins, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Acre, Piauí, São Paulo, Maranhão, Bahia, Pará, Goiás.
Mas a rede criminosa é ampla e se atualiza rapidamente. Com o passar dos anos, o tempo se tornou um aliado para os criminosos. As quadrilhas trocaram o maçarico que demandava mais tempo e chamava a atenção durante as ações pelos explosivos. Em questão de segundos, as detonações colocam tudo pelos ares e deixam expostos os compartimentos com o dinheiro nos caixas.
Loja de posto de combustível que tinha caixa eletrônico ficou destruída após explosão (Foto: Nativa News)
Há mais de um ano, a Polícia Civil investiga um roubo a um arsenal de dinamites em uma mineradora localizada em São José do Rio Claro, a 235 quilômetros de Cuiabá. Noventa e oito bananas de dinamite foram localizadas enterradas em uma fazenda em fevereiro deste ano. Mas ainda falta encontrar a maior parte do arsenal que, segundo Stringuetta, estava dividido em 16 caixas contendo 50 bananas de dinamite cada.
“Esses explosivos que foram levados tinham baixo poder de explosão, mas que são suficientes para explodir com facilidade um caixa eletrônico. Também investigamos se o estado está recebendo explosivos desviados que não são comunicados aos órgãos competentes”, afirmou o delegado.
Mudança de hábito
A escalada da incidência de arrombamentos aos terminais impôs uma nova rotina à população que viu diminuir, consideravelmente, a quantidade de caixas eletrônicos disponíveis no comércio da cidade. As agências bancárias retiraram os caixas dos pontos considerados mais vulneráveis e aumentaram ainda mais a restrição para saques e quantidade de dinheiro disponível nos terminais fora do horário comercial.
Em entrevista ao G1, o presidente em exercício do Sindicato Estadual dos Bancários, José Maria Guerra, avalia que o estado obteve avanços nos últimos anos, mas que ainda precisa melhorar todo o sistema de segurança para coibir as ações criminosas. "O estado saiu da terceira colocação para a sétima no ranking dos estados que mais registram ataques a caixas eletrônicos. A polícia avançou na repressão, mas as instituições bancárias precisam se organizar e implementar mais ações para coibir essas ações", finalizou.
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