Bebê volta para a família biológica após acolhimento em Uberlândia Programa de acolhimento temporário começou em 2014 na cidade. Menina de quatro meses foi restituída à família na semana passada.
Um bebê de quatro meses retornou à família biológica depois de ter sido inserido no “Família Acolhedora”, em Uberlândia. Esse é o primeiro caso de sucesso do programa que começou efetivamente no ano passado e conta com 14 famílias cadastradas e três crianças em processo de acolhimento temporário.
Depois de quatro meses com uma família acolhedora, bisavós assumiram a guarda
(Foto: Divulgação/Família Acolhedora)
O bebê se chama Maiara. Como a mãe é dependente química e os avós enfrentam problemas com alcoolismo, a criança não tinha com quem ficar. Os únicos familiares próximos, com condições para acolhê-la, eram os bisavós paternos. No primeiro momento, contudo, o casal foi resistente, porque já cuidava de uma neta. Assim, só restaria à Maiara ficar acolhida em alguma instituição.
Vendo a possibilidade de orientar a família para que a criança pudesse voltar para casa, a Promotoria da Vara da Infância e Juventude e a ONG Missão Criança incluíram a criança e os bisavós no "Família Acolhedora". Desde o nascimento, Maiara ficou acolhida temporariamente na casa de uma família cadastrada no projeto. Na semana passada, ela voltou para a casa dos bisavós.
“Eles são boas pessoas. Mostramos que a legislação resguardava a guarda da Maiara e a importância de ela poder ficar com a família. Estamos muito felizes com o resultado”, disse a coordenadora da ONG, Janice Alves de Souza.
Aproximação de famílias
A aposentada Luiza Odete da Silva, de 68 anos, disse que não poderia estar mais feliz com a chegada da bisneta e justificou os medos iniciais ao processo. “No início, a gente não queria porque eu achava que a mãe dela continuaria transferindo a responsabilidade para nós, que já cuidamos da irmã da Maiara. Mas eu jamais teria coragem de dá-la para adoção”, contou.
Jaina Mendes, auxiliar administrativa
Há uma semana com a criança, a dona Luiza disse que a pequena é a alegria da casa dos bisavós e que o programa auxiliou a família a se preparar para recebê-la da melhor maneira possível.
O mérito desse acolhimento também é compartilhado com a auxiliar administrativa, Jaina Vicente Lopes Mendes, que acolheu o bebê temporariamente. A família da uberlandense está cadastrada no programa desde o início e já recebeu duas crianças no período de um ano.
No caso da Maiara, o carinho se tornou tão grande que o vínculo à família biológica se estendeu, e a criança acabou contribuindo para a aproximação das famílias. Na última semana, Jaina foi convidada para ser a madrinha de batismo de quem ela pôde cuidar durante os primeiros meses de vida.
“Fiquei feliz demais! A gente aprende muito ao cooperar para uma vida. É uma experiência muito gostosa e nos sentimos realizados. Acho que as pessoas deveriam ser mais ousadas e não terem medo de atitudes assim”, opinou.
O programa é voltado para crianças e adolescentes de zero a 18 anos. Para mais informações sobre o cadastramento, o interessado deve procurar a entidade no endereço Rua Euclides da Cunha, 920, ou entrar em contato pelo telefone (34) 3226-9317.
Enquete
O G1 fez uma enquete para saber se as pessoas acolheriam temporariamente crianças e adolescentes em casa. O resultado foi positivo para a solidariedade. A maioria, 62%, respondeu "sim", deixaria que eles vivessem em suas residências por um período de tempo. Os que disseram "não" somaram 38% dos votos.
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