Clínica onde pacientes teriam sido torturados é interditada Vídeos gravados no local mostram adolescentes amarrados e sendo humilhados
A Secretaria de Saúde de Luziânia (GO), no Entorno do Distrito Federal, interditou por tempo indeterminado uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, acusada de praticar tortura contra pacientes. Imagens divulgadas com exclusividade pela TV Record Brasília mostram internos com pés e mãos amarradas em um quarto escuro da unidade de saúde.
A Secretaria Municipal de Saúde realizou uma vistoria no local, na manhã desta sexta-feira (12), e contatou que a clínica funciona de forma irregular. O alvará de funcionamento identifica o local como casa de apoio, o que impede a unidade de oferecer serviços de reabilitação. O secretário da pasta afirma que não foram encontrados problemas sanitários, mas a documentação está irregular.
— Não funciona como uma clínica, não tem indício de que funciona como uma clínica, que tem médicos, que tem medicamentos, funciona como uma comunidade terapêutica.
Durante a vistoria, o coordenador terapêutico e proprietários da clínica não se apresentaram e quando a equipe da prefeitura local não encontrou internos na unidade. O advogado da clínica, Isaac Bewton, afirmou que os donos vão esperar as conclusões da polícia sobre os casos e que os donos da clínica não tinham conhecimento de maus tratos aos internos.
— [...] Os representantes legais não têm conhecimento até o dia em que foi veiculada a imagem na mídia, sem qualquer conhecimento. Foram pegos de surpresa com essa notícia. Tem que se apurar se foi um funcionário que fez, se ele armou com a intenção de prejudicar a empresa ou não, isso tem que ser investigado [...[.
Entenda o caso
Imagens gravadas dentro da clínica mostram que, em determinado momento, um paciente chega a ser colocado nu e amordaçado dentro de um dos quartos. Ele tem os pés e mãos amarrados com um pedaço de pano.
No vídeo, o paciente reage aos maus-tratos, mas logo ouve uma ameaça: “vai pegar uma vassoura para enfiar no… dele”.
Em outra imagem, o mesmo rapaz aparece sem roupas, deitado no chão de um quarto escuro, amordaçado e com as mãos e os pés amarrados novamente. O áudio do vídeo mostra que os torturadores zombam do homem, que não consegue nem se mexer.
— Ó o malandro. Nossa, que lindo! dizem os torturadores no vídeo.
Em um terceiro vídeo, um adolescente que aparenta ter entre 13 e 15 anos também é colocado em um colchão e preparado para ser amarrado. O jovem chora desesperado enquanto alguém da clínica pergunta se ele pretende matá-lo e ameaça “contar tudo”.
Ao ver as imagens de adolescentes sendo humilhados e amarrados, o coordenador e terapeuta da clínica, Glauber Carvalho, afirmou reconhecer um homem que é ex-funcionário da unidade, mas que, no local, sejam utilizadas práticas de tortura nega que a unidade utilize práticas violentas contra os internos.
— Isso vai ser averiguado, eu vou apresentar isso para o dono da clínica porque aqui a gente abomina esse tipo de coisa. Vamos tomar as medidas necessárias.
Glauber Carvalho afirma que, em casos de crises, os adolescentes são apenas medicados.
— Ele é medicado, colocado dentro da casa, dorme e no outro dia já acorda mais calmo e não dá trabalho.
As famílias pagavam cerca de R$ 1,2 mil por mês pelo tratamento, que pode durar de seis a nove meses.
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