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Cidades/Geral
Segunda - 22 de Junho de 2015 às 11:35

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A desconfiança quanto à impunidade, mesmo que se descubra quem são os responsáveis pelas irregularidades nas obras da Copa do Mundo de 2014, é o principal motivo para que a população de Cuiabá não apoie as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada na Assembleia Legislativa para promover essa investigação.

O descrédito de que os eventuais culpados serão mesmo punidos faz com que a maioria das pessoas prefira que o Parlamento invista tempo e recursos na busca por soluções mais práticas, como meios de concluir o que ficou inacabado pelas ruas da Capital.

O fato de a Assembleia precisar contratar uma empresa que forneça equipe técnica especializada para auxiliar os deputados membros desta CPI também não agrada. A reportagem de A Gazeta foi às ruas perguntar e a maioria dos entrevistados, embora concorde com a apuração dos fatos, acha que o Parlamento não deve investir mais dinheiro neste assunto.

Para a auditora Mirian Ferreira, 49 anos, o problema é não haver uma garantia de que o recurso público supostamente desviado será devolvido após as investigações. “Nosso dinheiro já foi, já pagou as empreiteiras, agora vai pagar para investigar onde ele está? Nós vamos ter retorno de que? Tem tantas CPIs e eu nunca vi uma que saísse resultado. Mesmo que encontre os culpados, eles não vão devolver o dinheiro. Não é só em Cuiabá, é no Brasil. De todos os Estados que sediaram a Copa, nenhum vai achar o culpado e ter o dinheiro novamente”, avalia.

Promotor de vendas, Eurico Ubirajara de Oliveira Costa Neto, 18 anos, concorda e ressalta a sensação de impunidade que paira quanto àqueles acusados de corrupção no país. “Acho que deveriam pensar em novas formas de tentar concluir essas obras, porque hoje em dia todo mundo está roubando, até são presos, mas rapidamente são soltos”, critica.

Parte desta desconfiança se reflete sobre a própria Assembleia Legislativa, como aponta o vendedor Jhon Weverton, 21 anos. Para ele, os deputados já sabem o que aconteceu de errado no planejamento do Mundial de futebol, por isso, “não deveriam perder tempo com essas coisas”, mas sim investir na criação de leis que inibam situações semelhantes no futuro. Ressalta, todavia, que a própria população não parece interessada no assunto.

“A maioria dessas obras não vai ser terminada e o próprio povo não está nem aí, porque, se estivesse preocupado com isso, ia para a rua protestar. Não estou defendendo o corrupto, mas acho que eles [deputados] deveriam dar prioridade para o que o povo necessita, que é terminar a obra. Porque, se vão perder tempo investigando, paralisando ainda mais as obras, vão prejudicar todo mundo. Quem sofre mais é a população do que o próprio político que está sendo investigado”, opina.

O posicionamento é semelhante ao da autônoma Juliane Maria da Silva, 31 anos. Para ela, tanto achar os eventuais culpados pelas irregularidades nas obras, quanto apontar soluções para que elas sejam concluídas, é importante. “Mas se for para escolher uma das duas, só a solução para acabar as obras já está bom”, diz, completando esperar que desta vez uma CPI funcione.

Já o pedreiro Edinho Soares Miranda, 50 anos, e a empregada doméstica Lucimar Silva Magalhães, 41 anos, não acreditam na possibilidade o governo ser restituído daquilo que, porventura, tenha sido desviado. “Investir mais dinheiro para procurar uma coisa que já sumiu é perda de tempo”, diz ela, ao passo que ele acredita que “mesmo se acharem quem roubou, o dinheiro não vai voltar mais”.

Atuação

Membro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o advogado Vilson Nery afirma que a expectativa da entidade não governamental era de que a CPI das Obras da Copa fizesse valer o poder de polícia que tem, quebrando sigilos bancários, se necessário, para apontar quanto cada empreiteira, de fato, recebeu do governo. “Fazer esse dinheiro voltar”.

Pontua, no entanto, que o desempenho dos deputados membros do grupo de investigação ficou abaixo do que era esperado. “Acompanhei algumas sessões e vi alguns deputados aparentemente interessados, que leram relatórios e estavam informados sobre os fatos. Mas outros pareciam estar lá mais para fazer política ou até mesmo proteger interesses pessoais ou de aliados”, diz. (Mais informações no jornal A Gazeta)





Fonte: A Gazeta

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